BOP!

Victor E. Folquening escreve, você lê e diz alguma coisa

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Local: Curitiba, Paraná, Brazil

Grupo de gestores para soluções estratégicas nas Faculdades Integradas do Brasil

segunda-feira, outubro 30, 2006

POUCOS OU MUITOS MILHARES DE VOTOS NA BOBAGEM!

Foi uma tarde divertida, como já esperávamos depois do apertadíssimo segundo turno paranaense.
O que foram esses pouco mais de dez mil votos que reelegeram Roberto Requião?
O próprio governador e Osmar Dias resolveram lamentar, agradecer e prometer em público.
E daí podemos tirar algumas idéias sobre o quase empate e o aproveitamento e esperdício fatais desse zero dois pontos percentuais que decidiu o pleito.
Requião chegou batendo em todos, xingando o desafeto Francisco Cunha Pereira, um dos manda-chuvas da RPC, constrangendo os jornalistas e assim vai. Mas, descontada a suscetibilidade exagerada de alguns, todo mundo dormiria mais ou menos bem na madrugada que está chegando.
Mas quando ele anuncia o presidente municipal do PMDB, Doático Santos, para ser o "interlocutor" entre o governo estadual e a prefeitura de Curitiba, abre a modesta caixinha de Pandora com alguma originalidade.
Doático, com a sutileza de um representante de torcida organizada, declara aos jornalistas que vai cobrar agilidade de Beto Richa. Segundo o peemedebista, o prefeito é muito lento para honrar os repasses do Estado, mas rapidíssimo para chegar à sauna do Country Club.
Richa, numa atitude bem provinciana para quem é prefeito da segunda cidade do Sul do país, resolveu devolver. Não vai discutir nada com Doático.
- Não falo com o cachorro, falo apenas com o dono do cachorro.
Brigar em público com um assessor do governador parece o que alguns chamariam de erro da juventude. Uma coisa bem PSDB esse lance de "juventude": quando fala de sua biografia, o Alckmin faz a gente imaginar que ele já fazia transplante de esqueleto aos onze anos e era presidente da Federação dos Planetas aos treze.
Aliás, a atitude do prefeito logo depois da derrota de seu candidato ao governo estadual foi, no mínimo, interessante. Orgulhava-se de ter contribuído para que Osmar se aproximasse de Requião nos números finais. Considerou-se um vencedor.
Hora ruim para comemorar - o que mostra, quem sabe, uma das deixas simbólicas para o retumbante fracasso do PSDB na eleição para presidente.
No fim do round, Osmar Dias fala à mídia sobre a derrota. Começa bem - e eu até fiquei comovido com a serenidade. Agradeceu aos eleitores do opositor, pois segundo ele - e talvez só ele - não foi hostilizado nenhuma vez durante a campanha (eu mesmo não votei nele e realmente não joguei ovo ou tomate naquela barba bem aparada).
Depois disse que o departamento jurídico do PDT ou da coligação iria trabalhar sobre algumas informações - em resumo, uso da máquina pública pelo governador e suposta manipulação de resultados dos institutos de pesquisa. Acho importante que um ator social relevante como o senador reagende os fatos, pois a imprensa curitibana gastou muito mais tempo e espaço publicando declarações absurdas dos candidatos do que tentando comprovar as denúncias lançadas ao público.
Aí, repentinamente, o pedetista volta ao normal e cede ao factóide: ele diz que apresentará projeto que sentencia os institutos de pesquisa a pagar as despesas de campanha do candidato que perder a eleição caso a previsão anunciada não se concretize.
Entendeu?
Em suma, por algum critério mágico, o derrotado conseguirá provar que perdeu a eleição porque o opositor teria sido beneficiado por números que o indicavam como vencedor.
Embora ninguém tenha instrumentos para medir tal hipotese, é costume acreditar que o eleitor indeciso se fia na candidatura que está liderando as pesquisas - é o que o sociólogo Paul Lazarsfeld, da Universidade de Columbia, chamou de bandwagon effect lá nos anos 40 (The part played by the people in the flow of communication, estudo publicado pela primeira vez em 1955, com pesquisas de dez anos antes).
Osmar está dizendo, mesmo de forma atrofiada, que o notório erro de 400 mil votos na previsão do Ibope foi determinante na sua derrota.
Ou seja, depois da homilia cuidadosa, o lamento bobo.
Pensemos: tanta energia gasta com temas tão "importantes" não podem ter custado, nas suas versões de semanas atrás, 10 mil votos para o perdedor e uns 400 mil para o suado vencedor?

CLONE ECOLÓGICO!

Durante a campanha eleitoral, o exótico presidente do PFL Jorge Bornahausen saiu dizendo que as eleições iriam extinguir o Partido dos Trabalhadores.
O PT cresceu em todas as instâncias, fez cinco governos estaduais e tomou pelo menos dois milhões e meio de votos que foram depositados diretamente para Alckmin no primeiro turno.
Melhor: Lula ganhou no Distrito Federal, único e inexpressivo estado onde o PFL fez governador.
Quem está se extinguindo?
Agora dá para entender porque o PSDB está tão empenhado em se tornar cópia do PFL. Sendo o tucano uma ave frequentemente arriscada a desaparecer, o partido do também exótico Arthur Virgílio sente uma empatia preservacionista pela última sigla de ascendência 100% golpe militar.
XX
A polícia federal prendeu ontem, em Rondônia, um infeliz que usava o adesivo dos "quatro dedos" de Lula no carro. Ele pode pegar 8 meses de prisão.
Se a lei fosse cumprida aqui no Paraná, o trânsito seria bem mais seguro.
bb
André Vargas dizia ontem que foi o PT que deu a margem mínima para Requião se reeleger.
Reinhold Stephanes reclamava que o apoio explícito de Requião a Lula é que atrapalhou a reeleição.
Parece que o peemedebista pinta o quadro mais provável.
Paraná e Santa Catarina devem ser os estados mais reacionários da federação.
Aqui ainda reina uma sensação de que o Sul é outro país. Parte da elite decadentista de Curitiba, essa cujos maiores eventos políticos são festa de debutante e missa na Igreja Santa Terezinha, chegou a simpatizar com idéias separatistas e vez ou outra, numa festinha à beira da piscina nos balneários "exclusivos" do Paraná e SC, proclama, entre um queijinho e uma caipirinha, que o Sul "sustenta" os "vagabundos" do resto do Brasil.
À noite, de volta ao seu apartamento no Batel, que era chique nos anos 80, passa pela cozinha com ladrilhos branco-encardidos, brilhantes como uma estrela morta, junta sua coleção de artigos edificantes publicados na Gazeta do Povo, olha para o retrato do ancestral que livrou o Paraná de algumas centenas de índios e grilhou uns bons quilômetros de terra em nome do progresso, pensa que o filho será um brilhante advogado agora que, graças ao incentivo de um carro mais ou menos na moda, passou no vestibular cuja concorrência era cinco vagas por candidato, balbucia alguns palavrões sobre a burrice de quem vota naquele bandido ignorante do Lula, coça o saco escrotal e, imediatamente, ao perceber o antiquado abridor de cartas perto de um rosário de prata, enrolado no porta-retrato da filha adolescente, lembra da gonorréia que infernizou sua vida por uns seis meses da juventude.
Tenta esticar o corpo, desatar os nós dos nervos, feridos com a dupla derrota nas urnas. Quer mostrar que sobreviveu. Ergue os braços, coloca as duas mãos, dedos entrelaçados, na nuca, e finge para si e para os fantasmas de sua mansão de tacos soltos que ainda está no combate. Olha o retrato da filha, sente que não se acostuma com essa lâmpada de luz pálida e amarelada de 60 volts, enfia a mão por dentro da calça e conclui: "Cristo, como essa merda coçava!"

CLASSE SOCIAL!

A melhor análise da vitória de Lula, publicada no blog do Ricardo Noblat, e assinada pelo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi. Está em http://noblat1.estadao.com.br/noblat/visualizarConteudo.do?metodo=exibirArtigo&codigoPublicacao=27755

29/10/2006
Por que Lula foi reeleito
Marcos Coimbra

Há muitas razões que explicam a vitória de Lula nas eleições deste domingo e muitas serão discutidas nos próximos dias, mas há uma que me parece fundamental: Lula ganhou porque, para a maioria da população, não estava na hora de mandá-lo de volta para casa com apenas quatro anos de mandato.
Nas pesquisas, essa opinião vinha sendo claramente expressa por aqueles que pretendiam votar nele, mas não estava ausente do raciocínio de muitos que não. Em meados de julho, por exemplo, em pesquisa não destinada a divulgação, a quase totalidade dos entrevistados que tinha intenção de voto em Lula concordava com a frase “não está na hora de eleger um candidato do PSDB, pois eles já tiveram os oito anos de FHC e fizeram pouco”.

Mas o relevante é que metade dos eleitores de Alckmin dizia o mesmo, ou seja, que, para muitos deles, talvez não fosse, ainda, a hora da troca de comando.
Os eleitores que decidiram a eleição de 2002, aqueles que nunca haviam votado em Lula e que então votaram, fizeram sua escolha depois de superar o conflito entre um forte desejo de mudança e o temor por suas conseqüências. Para eles, era preciso dar, nas eleições presidenciais, o mesmo passo que consideravam normal em outras, o da alternância, mas tinham receio que fosse “arriscado demais”. Mudar, nas cidades e até nos estados, era possível, mas, no país, talvez não.
Por razões que não precisamos relembrar, “a esperança venceu o medo” e a maioria do eleitorado promoveu a mudança.
Completava-se, assim, a construção democrática depois dos longos anos do arbítrio: finalmente, acontecia a desejada alternância, nem que fosse apenas para mostrar que era possível.
Além de um aspecto formal, importante ao alargar o espaço da democracia, mas restrito ao plano institucional, a alternância com Lula tinha um sentido adicional e muito concreto para seus eleitores: o de ser, também, uma alternância de classe no centro do sistema, a presidência da república. Ou seja, o que estava em curso era uma ampliação democrática em dupla acepção, a possibilidade da troca e a possibilidade da troca por alguem como Lula. O Brasil mostrava para si mesmo (e para o mundo) que uma pessoa do povo podia ser tudo em nosso sistema político, vereador, deputado, prefeito, senador, governador e, até, Presidente da Republica.
Pode-se objetar a essa idéia, lembrando que outros presidentes nasceram em famílias simples e enfrentaram graves dificuldades na vida. Nada, no entanto, se comparava a Lula nesse aspecto, quando mais não fosse porque nenhum, antes dele, teve que lidar com um permanente questionamento de suas qualificações, em grande parte por ser quem era. Assim, foi, em boa parte, a intensa campanha negativa que sofreu em suas tentativas anteriores de chegar à presidência, de manipulação de preconceitos e ativação de estereótipos, que tornou, para o povo, tão extraordinário o resultado daquela eleição. Ao desqualificá-lo no passado para derrotá-lo, nossa elite o transformou em símbolo ainda mais forte na vitória.
Por essas razões, a alternância era muito mais que política e na política, envolvendo sentimentos profundos de auto-imagem e amor-próprio. Era uma alternância “deles” por “nós” e por “mim”.
Engana-se quem pensa que foi uma decisão simples, até porque ela exigiu uma reavaliação muito ampla. Com Lula, venciam muitos parecidos com ele em muitas coisas, negando seu lugar marcado na sociedade brasileira, de incapacidade de transcender seus limites de origem e de superar as barreiras para “dar certo na vida”. Admitir que Lula podia ser igual a um “bacana” implicava em aceitar que outros Lulas podiam também ser “bacanas”, mesmo aqueles condenados a não sê-lo, pela rigidez de nossas hierarquias sociais.
As primeiras pesquisas feitas logo após as eleições de 2002 e durante o começo do governo captaram uma nítida mudança nas atitudes dos eleitores de classe popular, apontando para o aumento de sua auto-estima e da confiança de que o Brasil iria melhorar, agora que as políticas de governo passariam a ter outra intenção e finalidades. Então a alternância se faria completa, chegando à própria ação do governo: um governo diferente, com gente diferente, fazendo coisas diferentes.
Durante quanto tempo? Qual seria a duração do mandato desse governo tão novo? Ora, aquela que nossos políticos criaram, ao criar a reeleição: oito anos.
Essas pesquisas mostravam que Lula começou seu governo com o horizonte de tempo que passou a ser a regra para todo governante eleito depois de 1997, mas com um crédito adicional, vindo da tolerância que alguém tão diferente como ele podia ter. Ao elege-lo, seus eleitores contavam com uma demora que poderia ser longa, até que ele e sua turma se familiarizassem com o poder e suas artimanhas. As expectativas não eram de grandes resultados no curto prazo, mas, fundamentalmente, de que houvesse uma inflexão de prioridades, que sinalizasse a nova direção buscada.
Agora, no meio desse “mandato longo”, os eleitores que confiaram em Lula, com os outros que não, fomos todos chamados a julgar os “primeiros” quatro anos, para que opinássemos se era ou não o caso de deixa-lo “completar” o trabalho. O resultado é conhecido.
Quando votaram Lula, seus eleitores fizeram julgamentos objetivos e subjetivos. Olhando para o que foi feito desde 2003, já sabíamos há tempo que a maioria da população fazia uma comparação favorável do governo Lula com seus antecessores. Em algumas áreas de ação governamental, esperava-se mais, em outras menos, mas as surpresas positivas (macroeconomia, política externa) sempre foram maiores que as negativas (saúde, emprego, segurança). Em nenhuma houve percalço semelhante à crise cambial de 1999, ao apagão de 2001 ou ao desequilíbrio de 2002, sem aqui discutir suas razões.
Acima de tudo para os eleitores que confiaram em Lula, esses “primeiros” quatro anos foram de cumprimento da palavra empenhada, de resgate do que seria seu compromisso fundamental, tão fundamental que não precisava sequer ser enunciado, de fazer um governo que melhorasse as condições de vida dos mais pobres. Isso, para a maioria da população, Lula fez e fez até mais que muitos esperavam.
O Bolsa Família é o símbolo desse compromisso, mas não está sozinho e não é, nem nunca foi, sua manifestação mais importante. Foi a melhora do poder de compra, seja pelo aumento do salário real, seja pelo barateamento de inúmeros produtos de consumo popular (desde tradicionais, como alimentos e materiais de construção, a novos, como muitos eletroeletrônicos), que mais confirmou que Lula fez diferença para quem mais precisava. Junto ao Bolsa Família, programas como o Pro-Uni, o Luz para Todos, confirmaram o que os eleitores pensavam ser as metas mais importantes do governo. Tê-las buscado, obtendo maiores ou menores sucessos, foi o essencial.
E o “mensalão? Por que não foi capaz de matar a candidatura Lula? Que “blindagem” é essa?
Sem entrar na discussão da histeria da mídia e de “formadores de opinião” frustrados por se perceberem inteiramente incapazes de formar qualquer opinião, a gravidade do que foi suscitado pelas denúncias nunca foi ignorada ou menosprezada pelo eleitorado. O que a maioria fez, apenas, foi uma ponderação de acertos e erros, chegando à conclusão que os primeiros foram maiores que os segundos, especialmente porque sabia, por experiência ou intuição, que os pecados do”mensalão” são a regra e não a exceção.
Mas essas considerações objetivas não foram tudo nesta eleição que terminou. A seu lado, ainda que de maneira nem sempre consciente, esteve presente outra causa, que me parece decisiva.
Mandar Lula de volta para casa, não lhe conceder a “outra” metade do mandato, seria um golpe grande demais para seus eleitores. Fazê-lo seria como que admitir que não existe alternância possível no Brasil - não a mera alternância política, mas a alternância de classe a que nos referimos. Às vezes até fazendo com que, deliberadamente, muitos eleitores preferissem não saber de coisas contra ele, a idéia de alternância esteve presente e foi fundamental na eleição e na reeleição de Lula.
A derrota de Lula seria o abortamento da alternância, a admissão que não há saída fora da elite. Era concordar com a idéia de que um presidente vindo do povo não consegue mesmo ser um bom presidente e que nem sequer o direito de completar seu trabalho lhe deve ser estendido. Com ele, perderiam muitos outros Lulas.
Ainda bem que ganhou.

sábado, outubro 28, 2006

DEPENANDO A AVE!


A disputa, amanhã, não é sobre quem vai ganhar.
É sobre o grau de governabilidade de Lula.
As previsões dizem que ele terá 17 governadores de manifesto apoio como aliados. E ainda torcemos para que a Mestre Yeda diga, para os pampas inchados, que "eleição perdemos, Luke Alckimalkin".
Isso é uma coisa.
A outra é devolver Alckmin para a função de coroinha da Opus Dei. Para tanto, ultrapassar os 25 pontos percentuais de vantagem seria uma benção - certamente não do cardeal Erzinger.
Aécio e Serra, que já tinham jogado o picolé na arena dos sapos barbudos quase só para derretê-lo, deram passos antecipados para se aproximar de Lula. Querem governabilidade, claro.
FHC já disse, nessa semana, porque o segundo turno só tornou a surra maior.
O PSDB não tem proposta, não tem coragem de defender as privatizações que caracterizaram o governo tucano (nem as que deram certo, como da telefonia), não tem, atualmente, nada que o diferencie do PFL, partido que, na época de fundação do tucanato, não poderia ser mais antagônico.
Não teve candidato, para ser bem sincero. Talvez alguém vote no Alckmin porque acha que estaria elegendo o Dráuzio Varella, cujo hipotético governo incluiria o William Bonner como porta-voz, a Glória Maria como ministra das Relações Exteriores e o Zeca Camargo como ministro da Cultura. E a Veja substituiria o Diário Oficial.
Ou acha que, sendo Alckmin adepto da medieval defesa do sexo apenas como mecanismo de reprodução de mão de obra barata, traria Jesus Cristo como adido cultural do Céu.
Sem esses exotismos, o candidato tucano é só um amigo da classe média alta paulistana.
Há outro elemento importante.
Em geral, Serra e Lula fizeram uma campanha menos enjoativa.
Pelo menos não víamos o primitivo adesivo que mostra alguém com a mão mutilada, como a do presidente, e uma lista vermelha trespassada.
Ostentar isso no carro, na janela, em casa, é sinal de ignorância, intolerância, insensiblidade social e, no mínimo, senso de humor tão refinado quando dizer "coisa de preto" para a representação de incompetência.
A palavra incompetência, aliás, fecharia bem o texto. Mas o grau de competência ainda exige alguma inteligência.
Quem é capaz de achar o adesivo dos quatro dedos "divertido" ou "civilizado" não possui tanta sofisticação assim.

sábado, outubro 14, 2006

MIAMI VICE IS NICE!




Michael Mann francamente não me convence. Ainda não vi Colateral, mas O Informante rima com pedante. Tem algo nele que me lembra Steven Sodenbergh, talvez o gosto por aquelas tremidinhas de câmera e o tom "grave" nas conversas sob meia luz. Isso sem falar em O Último dos Moicanos!.


Menos...


Menos em Miami Vice, que é um ótimo filme.

Muitos de nós reclamaremos, com razão, da velha trama em que "uma paixão pode por tudo a perder".

Essa coisa bem puritana, particularmente norte-americana, de que fazer sexo sempre custa caro para alguém.

Veja lá quando Naomi Harris pega Jammie Foxx no chuveiro. Chegamos bem pertinho da pele negra dos dois. Vemos a bundinha premiada da detetive Trudy. Acompanhamos o movimento pélvico na cama... você pensa: ah, que vida boa essa gente leva. Mas, espere! Jesus irá cuidar para que paguem caro com o próprio corpo pecador. Em chamas, como no inferno.

E esse negócio sobre Jesus é verdade. Literalmente.

Em seguida, o plot principal leva Collin Ferrel a se apaixonar loucamente por Gong Li.

O castigo para o sexo vem para os dois lados. Como a infeliz é mulher, apanha mais. É humilhada quando descobre o disfarce do amante - e antes é tratada como objeto tanto pelo namorado traficante quanto pelo braço direito barbudo Iago (o personagem se chama Yero, semelhança que não deve ser coincidência), que a deseja com ódio mortal.

Outra religião ianque: já que o sexo corrompe, a violência purifica. No terço final do filme, o traço violento da série de TV se repete. Os heróis matam impiedosamente um adolescente, atiram por trás, sufocam, metralham, destróem. E aí não há mais punição, apenas redenção.

O fato é que Miami Vice, apesar de tudo, é ótimo.

Talvez porque aquele estilo afetado de Mann tenha sido moldado para o seriado Miami Vice, que a gente não leva a sério e, por isso, adora.

A velocidade da trama, o cuidado com os planos, a mistura de linguagens, o tom de videoclipe. Tudo também funciona na tela grande, e o motivo é um mérito bem considerável para Michael Mann. O filme não se parece com a série, mas é, nitidamente, a mesma coisa. O diretor se esforçou para evitar a nostalgia (tirou Elvis, o jacaré, por exemplo), mas o espírito das roupas, da afetação pop, da música (excelente) e do "buddy style" se mantiveram sem ônus.

sexta-feira, outubro 13, 2006

DÁLIA NEGRA!



"Meu primeiro golpe decepou a caveira do marinheiro, o segundo rasgou a frente
da sua túnica e arrancou o torso fora do resto do esqueleto. As pernas estavam
emigalhadas em pedaços; continuei cavando embaixo delas na areia pura com brilho
de mica. Depois, ninhos de vermes, vísceras, um vestido de crinolina coberto de
sangue, areia, ossos esparsos e nada - então uma pele rósea queimada de sol e
sobrancelhas loiras cobertas de cicatrizes que pareciam familiares. Lee estava
sorrindo como a Dália, com vermes rastejando na boca e nos buracos onde seus
olhos costumavam ficar".

(Dália Negra, de James Ellroy - RJ: Record, 2000. p. 306).


Sempre evito comparar livros com filmes adaptados. Fãs de certa obra literária geralmente ficam frustrados com a versão para o cinema, na maior parte das vezes porque procuravam sentir algo semelhante àquilo que lhes percorreu o espírito durante a leitura.

É óbvio que isso não é possível, pois um livro lida com imaginação, "diálogo" pessoal e direto com o leitor, e correr os olhos sobre as letras é um ato solitário - o que nos faz confundir, muitas vezes, a leitura com alguma atividade espiritual, seja para libertar ou agrilhoar.

O cinema não é pior nem melhor. Mas é óbvio que o melhor filme precisa ser exatamente o contrário de um livro. Ele lida com imagem e som, com texturas, com edição e movimento. Você não estaciona em uma imagem (pelo menos não é para ser assim) e "reflete" antes de prosseguir. O tempo de um filme é fixo, e geralmente é muito mais curto do que o de um livro.

É por isso que bons livros podem dar filmes muito ruins e, o que é mais freqüente, maus livros se tornarem ótimos filmes. Às vezes, o problema da primeira categoria é justamente a lealdade à obra original.

Há centenas de exemplos dos dois casos, mas basta a gente se lembrar do modorrento Crônica de uma certa Nova Iork (2000), de Stanley Tucci, que tornou o clássico jornalístico O Segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchell, em duas horas de chatice insuportável. Por outro lado, é preciso se admirar Kubrick por ter metamorfoseado o tolo O Iluminado (1980), de Stephen King, em um filme interessante, no mínimo.

Não dá para negar que, às vezes, a fidelidade à obra original dá certo. Parece ter sido o caso de Garotos Incríveis (2000), dirigido por Curtis Henson com lealdade comovente ao espírito da obra assinada por Michael Chabon (aqui e ali falam da versão cinematográfica de As Incríveis Aventuras de Kavalier & Klay. Alguém sabe alguma coisa? Devemos temer?).

Enfim, uma obra de arte é tanto mais fascinante quanto mais difícil fica vê-la em outro mecanismo senão aquele em que foi concebida.

Tudo isso para dizer que o livro Dália Negra é melhor que o filme Dália Negra.

Não porque a película de Brian de Palma teria sido incapaz de captar a "atmosfera" do clássico policial de Ellroy. Simplesmente porque estamos falando de um grande livro e um filme fraco.

A obra é Ellroy é assustadora, violenta, imoral, vulgar e deliciosa de se ler. Os julgamentos de "valores" são cínicos - não porque Ellroy faça o tipo intelectual niilista. É por sua habilidade em entreter, mesmo na descrição do sofrimento. A coisa toda já começa dolorida. Leia a dedicatória do livro:

Para Geneva Hiliker Ellroy

1915-1958

Mãe,

vinte e nove anos depois,

esta despedida de sangue.

É bem significativa. Aos dez anos, Ellroy descobriu o corpo da mãe enforcada com uma meia de seda. O assassino teria sido um dos muitos amantes de Geneva. A tragédia empurrou de vez o garoto à sarjeta. Foi preso diversas vezes e o vício em tóxicos levou o antes comportado James à mendicância.

Antes de tudo se consumar em miséria e infortúnio, veio Elizabeth Short, a Dália. James conheceu a história em livros baratos sobre crimes insolucionáveis. A menina realmente existiu, foi cortada e rasgada, tal qual no livro e no filme. Até hoje ninguém sabe o que aconteceu de fato. Durante 29 anos, James Ellroy leu, investigou e sonhou com Elizabeth.

Até que, aos 39, resolveu misturar as memórias sobre sua mãe com hipóteses a respeito do assassinato da Dália Negra. Seu romance de estréia acabou se tornando um dos mais importantes livros policiais americanos de todos os tempos.

O que nos lembra que é sempre bom escrever sobre o que se conhece.

E algo que explica bem porque James Ellroy ficou tão furioso com a adaptação feita por De Palma.

Há belos enquadramentos, ótimos planos sequência, uma linda e artificial fotografia, excelente trilha sonora. Mas simplesmente não há assombração da mãe. Não há dor de verdade.

Veja bem, a sra. Geneva não é personagem do livro.

Mas as distâncias entre os protagonistas, a ação, o tempo... principalmente o tempo em que Lee Blanchard desaparece, deixando finalmente o espaço para que o sr. Gelo e a ex-prostituta Kay se engalfinhem... esses elementos é que tornam a narrativa literária de Dália Negra uma experiência relevante.

A mãe de James Ellroy derrama um luto impronunciável nas quase cem páginas em que o sr. Fogo está desaparecido. O parceiro carrega a angústia e a culpa até ir ao México para literalmente desenterrar a verdade.

Na cena fatal do Sr. Fogo, Brian de Palma parece criar um estranho caso de paródia de si mesmo parodiando Hitchcock. É uma mistura de Vestida para Matar, Olhos de Serpente e Os Intocáveis. Bucky Bleichert contempla a queda do parceiro! No tempo de um filme, não há meios para que soframos por culpa ou inoperância. Então, o maior dos pecados: ele diz que se sente culpado! Má literatura tentando remediar um filme que se esforça para ser cinematográfico.

Mas até aí tudo bem. Tentemos não comparar e conseguiremos nos divertir com a plástica caprichada de Brian de Palma. Só que a cena em que a trama se resolve é quase constrangedora. Fiona Shaw se esmera para dar um toque "brilhante" de mulher drogada a Ramona e tudo fica barulhento demais. Ela arreganha a boca torta e conta tudo num ritmo de vilão que se entrega no último segundo.

Quem sabe, para aproveitar bem, devêssemos cortar o filme pela metade, drená-lo, e deixar a cabeça sorridente de fora. Aproveitaríamos só os órgãos genitais.

segunda-feira, outubro 09, 2006

17 MILHÕES!

Anteontem eu comprei, num rasgo de consumismo que estava tentando conter há, pelo menos, uma semana, o livro de Christopher Hitchins lançado pela Ediouro: Amor, Pobreza e Guerra (2006).
Por algum motivo, o que me atraiu foi uma semelhança quase física da edição Landscape da obra Cidadão do Mundo, do Daniel Pearl (2004).
Vocês lembram. O cara foi aquele repórter do Wall Street Journal degolado por gente da Al Kaeda no Paquistão. Os improváveis Brad Pitt e Angelina Jolie deverão fazer sr. e sra. Pearl no cinema em breve.
O britânico Hitchins veio para a festa literária de Parati desse ano e respondeu sobre o desamor que parte da chamada "esquerda européia" passou a nutrir por ele depois que se pronunciou inimigo incondicional da revolução islâmica.
Tanto Pearl quanto Hitchins estão longe de representar o jornalismo engajado que tanta gente defende. Não significa que são despossuídos de intenções "sociais". A diferença é que eles optam primeiro pela informação e pela qualidade do texto. Depois tomam posição - e com clareza.
O que alguns setores da política progressista não entenderam (ou fingiram não perceber) é que Christopher Hitchens não tem restrições particulares quanto aos muçulmanos. Ele acha, de fato e como bom ex-comunista, que nenhuma religião merece cuidados especiais.
Leia lá um texto chamado Madre Tereza e o Diabo. O jornalista descreve a entrevista que concedeu a pesquisadores do Vaticano durante o processo de canonização de Madre Tereza de Calcutá.
Ele dirigiu um documentário - e cumpriu papel de "advogado do diabo" - para provar que, de santa, a devota não tinha nada. Era vaidosa, as doações milionárias que recebia nunca passavam por auditoria e pregava, aos pobres a quem "orientava", que a doença e a pobreza eram "dádivas maravilhosas".
Os hospitais que mantinha seriam, na verdade, centros de conversão e espera dolorosa pela morte, dada a precariedade suspeita das instituições. Mesmo assim, quando ficou doente, fretou jato particular e se internou em cara clínica dos Estados Unidos.
Eu sou pouco inteligente, então muitas vezes funciono por impulso. E ele às vezes dá certo como uma garrafa de água que, sobre o contador de luz, diminui a conta da energia. A similitude gráfica dos livros parece ser resumida ao slogan repetido pelas páginas de Cidadão do Mundo: "envenenar a água do poço".
O trabalho dos dois jornalistas se parece nisso. Provocador como poucos assessores do stablishment conseguem ser.
Esta aí uma verdade difícil de superar: jornalista precisa envenenar a água do poço. Criar contradição, colocar a ordem estabelecida às avessas. Moderno demais?
No texto sobre Madre Tereza, Hitchins elocubra: por que meu parecer é levado em conta? Não sou religioso, porque me importo com a fábrica de santos que a Igreja Católica se tornou no papado de João Paulo II?
Em outras palavras, ele assume que seu incômodo é com a banalização, com o senso comum.
Senso comum, que praga!
Você vê alunos de faculdade, todos cheios de si, explicando o mundo através de Malhação e da homilia proferida numa igreja ligada à Opus Dei.
Acham Sociologia e Filosofia muito chatos. Acham que "Um Dia Daqueles" dá conta de compreender o mundo.
Por que basta ter "amor no coração" ou "Jesus no coração" ou "trabalhar bastante" para chegar lá. Essa é a receita para a felicidade. Qualquer um que discorde é chato, não quer ser feliz ou está possuído por demônios ou alienígenas ou pelo Hugo Chavez.
É a estupidez levada a sério, "respeitada" porque "todos têm direito a opinar", que leva a constrangedora classe média brasileira a sair por aí dizendo que "pobre não gosta de trabalhar", "que os negros são bem mais racistas que a gente" ou que "é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe" (essa última, inclusive, deveria vir acompanhada de antiácido).
O Cassiano Santana contou no blog (http://ca05santana.spaces.live.com/) episódio que está longe de espantar, mas nem por isso não revolta: um adulto, numa faculdade, na frente de 40 pessoas, afirma com a maior convicção do mundo que é necessário haver "extermínio" de trabalhadores rurais.
Eu mesmo ouvi, esses dias, uns alunos comentand0 que a Bolsa-Família é um "incentivo à vagabundagem".
Esse tipo de senso comum já seria nocivo sozinho, mas o pior é que a incompetência da assessoria do Sapo Barbudo deu margem para que até os "inteletuais" de universidade privada passassem a declarar, niilistas, o fim da "ilusão" e passassem a tomar a confortável posição de punks eleitorais.
O absurdo é tanto que alguém pode até sugerir que o voto no Alckmin é de "protesto".
Por isso que eu tomo posição clara na eleição. Também estou triste com o que acontece com o governo, mas dar uma de meninho emburrado e largar a direita empoeirada acesa, prestes a voltar da cova, ah, isso eu não faço. Eu procuro estudar História.
Pois o PFL é partido que veio da ditadura.
Porque Alckmin tem ligações com a Opus Dei, o setor mais reacionário e medieval da Igreja (sexo é ruim, divórcio nunca, mulher obediente, homossexuais são perversos e por aí vai).
Porque os tucanos são ainda mais hipócritas que os petistas. Agora fingem que nada de ruim aconteceu no primeiro governo (legítimo) e no segundo (golpe!) mandato de FHC.
E para não dizer que meu voto é simplesmente contra o Picolé de Xuxu, eu confesso felicidade com a estatística divulgada meio na moita pela mídia. 17 milhões de pessoas deixaram a pobreza durante o governo Lula. No mesmo site em que a informação foi divulgada, a linha de apoio dizia: Mas isso ainda é pouco.
"À custa de quê?", me disse, desconsolada, uma pessoa que admiro.
Como assim? Não importa. Fome é a pior praga que existe. Quem acha que os miseráveis escolhem o destino é porque nunca viu uma criança desnutrida. Um pessoa mergulhada na miséria não tem chance, nem com muito amor, Jesus ou estações-tubo no coração.
O miserável perde autonomia, o cérebro fica lento, as pernas não sustentam o pouco peso, sua carcaça vai tomando a forma que dá medo à classe média.
O presidente não é um exemplo porque não estuda? Olha bem, muitos dos meus alunos são brilhantes e excelentes cidadãos, mas não conheço um - um único - que dê qualquer sinal de talento como liderança política semelhante à de Lula. E poucos têm o comprometimento com quem mais precisa de governo. Mas todos são universitários.
Pra mim, vale qualquer coisa para acabar com a miséria. Até mesmo cortar uns eucaliptos e acabar com a ilusão de que a Educação vai salvar o mundo.
Esse sentido parece acompanhar o título do livro de Hitchins: "Amor" é capítulo sobre artes. "Pobreza" é sobre a tábula rasa das discussões "intelectuais" na mídia. "Guerra" é... sobre guerra mesmo.

segunda-feira, outubro 02, 2006

SAPO BARBUDO!

Ok, ninguém está pulando de felicidade com o governo. Queríamos algo mais radical do que o oferecido.
Também não dá para esconder a tristeza com as artimanhas explicitadas pela mídia.
Mas não vamos ser ingênuos.
Geralmente, quem não gosta do Lula é por outro tipo de motivo, bem menos nobre do que o "repúdio à corrupção", embora ninguém tenha dado o presidente como corrupto até agora.
É por preconceito racial e econômico e por ignorância histórica.
A empatia dos estados do Norte e Nordeste mostram para quem o Sapo está governando.
E foi por isso que votei nele e é por isso que vou votar novamente.
Lula é parecido com os brasileiros. Um presidente deve representar a nação. Não votamos em professor ou administrador picareta de multi-nacional.
Nos estados do Sul, especialmente nas capitais, o ódio ao Luís Inácio é estético, não é de fundo ético.
Ele não fala como os pilantras de cabelo lambido e terno importado que inauguram estações-tubo como se fossem usinas termo-elétricas. Ele desliza no português. Prefere ficar bêbado com pinga do que com uísque. Gosta de mulher e de futebol. Faz piadas com sexo. Parece de carne e osso. Ele é feio como eu sou feio.
Acho muito divertido que alguns dos meus alunos ironizem a "falta de escola do Lula". A maior parte deles jamais passaria num vestibular de verdade. O domínio da língua portuguesa é bem pior que a do presidente - a vantagem desses meus poucos alunos é que eles falam para meia dúzia de bêbados em raves ou nas reuniões familiares. A maior platéia que enfrentaram foi numa apresentação preguiçosa de trabalho na sala de aula. Mesmo nesse ambiente tão pequeno, gaguejam, erram concordância, mentem, ficam corados, atribuem culpa aos outros e contam os minutos para correr tomar uma "ceva" - e quem sabe tirar sarro do presidente inculto e bêbado.
Eles só estão ali, perto de ganhar o diploma que, segundo acreditam, faz tanta falta ao presidente, porque os pais podem pagar a mensalidade (claro que muito dão duro para pagar a faculdade e tal... mas não façamos do exótico a regra).
Além do mais, é uma mentira que governantes precisam de altas qualificações e diplomas.
Foi justamente da Universidade de Kigali, cheia de doutores, que saiu a idéia do genocídio de quase um milhão de pessoas naqueles 90 medonhos dias de 1994, em Ruanda.
Para cargos públicos técnicos e intelectuais, a fada da democracia estatal moderna criou um feitiço chamado "concurso".
Depois, votar no Lula é, também, não votar nos partidos com DNA da ditadura. E nem nos tucanos, cujo maior representante no momento, o sr. Candidato, não gosta de sexo.
Eu não confio em quem não gosta de sexo.
A patricinhada e mauriçada das capitais querem o Alckmin ou qualquer outro cujo discurso faça os senhores e senhoras Topete sonharem com um elevador branquinho e limpo que toca MPB eternamente e que leva ao céu da Opus Dei.
Eu quero um mundo de contradição evidente.
Por isso vou votar no Sapo Barbudo no dia 29.