BOP!

Victor E. Folquening escreve, você lê e diz alguma coisa

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Local: Curitiba, Paraná, Brazil

Grupo de gestores para soluções estratégicas nas Faculdades Integradas do Brasil

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

NOVE DISCOS POP!











Listas que tentam consolidar os "grandes" discos pops de todos os tempos passeiam por aqueles títulos que todos conhecemos: Pet Sounds, Sargent Peppers, A Night at Opera, The Freewheelin' Bob Dylan, Thriller, Dark Side of the Moon, Layla, Exile on Main Street, Ziggy Stardust, Paranoid, Hot Rats, Are You Experienced?, Ramones, Nevermind, etc. etc.

Estou muito longe de ser um especialista, mas tenho me esforçado para ouvir pacientemente discos de todo tipo de música pop, tentando compensar uma clara deficiência no meu repertório. Para se ter uma idéia, provavelmente não vou identificar o Oasis se estiver tocando no rádio (e ainda acho que não faz a menor falta). Para mim, Pearl Jam e música sertaneja são razoavelmente parecidos (e não tenho nada contra nenhum dos dois, só acho que o jeito do Eddie Veder cantar lembra o João Mineiro, aquele da dupla com o Marciano).

O que torna bom um disco pop? Tenho a impressão que é uma certa afetação, pois certamente não existe cultura pop sem cheep thrills, o que é sua fortuna e desgraça. Mas muita afetação é insuportável. Por isso Led Zeppelin IV, olhado sem devoção, é um disco chato e datado. Muita pretensão, muita pseudo-metafísica e aquele tom elegíaco que afunda bandas tão diferentes quanto The Verve e, sei lá, Rush ou Dream Theatre.

Talvez o que faça dos discos pop mais saborosos os marcos culturais que são é o sarcasmo. A aceitação da emoção barata como diálogo com a juventude. Mas com ironia, com auto-comiseração, com sofrimento ou felicidade exagerados. O que torna tudo leve, descartável, divertido e sublime.

Ultimamente, meus discos pop favoritos são:

I WANT TO SEE THE BRIGHT LIGHT TONIGHT, de Richard e Linda Thompson (1974). Alguém escreveu que Richard Thompson é o "Coltrane da guitarra", o que me pareceu bem sem propósito. A comparação deve se pautar na fé muçulmana do cantor/compositor, conversão adotada também pelo saxofonista de jazz. Mas esse tipo de raciocínio pode nos levar a dizer que Saddan Hussein era o "Coltrane dos ditadores" e que Karin Abdul Jabah era o "Coltrane do basquete". Richard e Linda são um casal, o que nos dá arrepios, certamente. Coisa tipo James Taylor & Carly Simon ou Jane & Erondi. Mas não se engane. Não há nada místico ou tolamente romântico nesse disco sensacional. A canção-título, aliás, é deliciosamente grudenta e apropriada para a sexta-feira: "I so tired of working every day..."

RUMORS, do Fleetwood Mac (1977). Eu evitava, evitava. Lembrava de uma sensação meio ruim de quando era adolescente, posava de mau e alternativo, e considerava Fleetwood Mac música de elevador. Hoje percebo que esse provavelmente é o disco pop perfeito. Todas as canções são excelentes, a qualidade da produção é de tirar o fôlego. Há o cinismo, há a autobiografia (chama-se Rumores porque a banda, formada por casais, passava por uma crise envolvendo separação, brigas de ego, rancores, etc.). Aqui no Brasil nunca foi tão popular, mas o Paulo Camargo - que morou nos EUA durante bastante tempo - me disse que na América do Norte os camaradas são venerados até hoje. Não é a toa que Rumors é um dos discos mais vendidos de todos os tempos. Quando você ouve "The Chain", por exemplo, até engole o estilão hippie-fugida-da-FAP de Stevie Nicks.

TRES HOMBRES, do ZZ Top (1973). Sujo, com solos de guitarra, músicas cínicas e um jeito de motocicleta-asfalto e paisagem desértica. Simples, direto, meio malvado e com o grande riff de todos os tempos em "La Grange".
THE ALLMAN BROTHERS BAND LIVE AT FILLMORE EAST (1971). Wow! Sempre achei blues branco um sofrimento e confesso fugir da maioria dos discos do Eric Clapton e de todos do Johnny Winter como o Cascão foge do banho. Mas, cara, esse disco é sensacional. Talvez seja o som da guitarra. Cheio, redondo, pungente e muito parecido, às vezes, com o grave de uma harmônica. As letras são de blues. Ou seja, gente se lamentando com um sorriso no canto da boca.

ONE WORLD, de John Martyn (1977). Canções hipnóticas, entoadas no estilo arrastado, intoxicado, desse John Martyn, e gravadas de maneira muito inusitada. Os produtores trabalharam à noite, ao ar livre, e captaram a voz de Martyn do outro lado de um lago. Então há sons esquisitos entre o microfone e o canto. Nem todas as faixas me carregam o coração, mas pelo menos as quatro primeiras são de se ficar repetindo centenas de vezes.

MUSIC FROM THE PENGUIN CAFE, The Penguin Cafe Orchestra (1976). Segundo o "1001 discos para se ouvir antes de morrer", o líder Simon Jeffes teve a idéia do álbum depois de sofrer alucinações provocadas por um peixe estragado que comeu na França. É alternativo, sem dúvida, mas é delicioso de se ouvir, especialmente a primeira faixa. Algumas músicas são cantadas, mesmo que a letra se resuma a uma única palavra (como "Milk").

SMILE, de Brian Wilson (2004). Nem vou escrever muito, pois esse é outro daqueles normalmente citados como os grandes discos de todos os tempos. Não sei se ouvi um disco pop mais do que Smile e hoje tenho certeza que não gosto de todo ele. Mas do que eu gosto, I really do. Não precisaria de mais nada se ficasse só em Heroes and Villains, Vega-Tables, Surfs Up e o clássico dos clássicos, Good Vibrations.

BRIAN WILSON LIVE AT ROXY THEATRE (2002). Quando escuto a versão original de "Don´t worry, baby", ainda com os Beach Boys, sinto que algo ficou lá nos anos 60. Talvez seja aquele efeito de voz no verso "I don´t know how long..." O Brian Wilson velho, depois de uns quinze anos de loucura e afastamento, não alcança as notas. A voz falha. E é por isso que é melhor. Tem algo muito vivo, emocionante e verdadeiro nessas gravações que pegam, talvez, o melhor que o rock já produziu em arranjo e letra. Wilson é um gênio, sem dúvida, e sabe escolher uma banda. O disco duplo acaba e você começa tudo de novo, "lying in bed, like Brian Wilson did..."

THE WHO LIVE AT LEEDS (1970). Para muitos, o melhor disco ao vivo da história do rock. Vá saber! O fato é que é quente. Keith Moon enlouquecido. Pete Towsend comentando precisamente, no dedilhado furioso e lírico, as letras agressivas gritadas pelo Roger Daltrey. A capa é um desperdício de feiúra. Talvez outros discos ao vivo seja tão bons ou melhores que esse. Mas provavelmente o Who nunca fez um trabalho tão bom.

Quais são os seus?

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

CARTA ABERTA A ALUNOS DA UNIBRASIL!


Eu e professora Maura Martins (aí no alto, durante o último Tribunal do Júri da Indústria Cultural) redigimos uma carta de boas-vindas para os alunos de Jornalismo da Unibrasil. Foi publicada no site do Cepjor: http://jornal.unibrasil.com.br/

Lá, você também se diverte com a estréia do Felipe Harmata Marinho como repórter do Papo Mínimo. Segue a carta:

Bem-vindos a 2008!
Esse será um ano muito especial para o curso de Jornalismo.
A cada semestre, encontramos novas soluções e aprimoramos a qualidade que está no Jornalismo da Unibrasil desde sua origem.
A preocupação com a comunidade, o olhar humanístico, a excelência técnica, o corpo docente extraordinário, as atividades de extensão... a cada mês procuramos lapidar, consertar, promover novidades e construir a melhor formação que um jornalista pode ter no estado do Paraná.
Qualquer esforço, no entanto, seria inócuo, se não contássemos com a qualidade de nossos alunos. Se procuramos exigir, é porque confiamos na disposição de toda a comunidade de construir um projeto do qual vamos nos orgulhar para sempre.
Algumas de nossas posturas precisam sempre ser reforçadas. O que nos remete ao orgulho.
A Unibrasil caminha para se tornar Centro Universitário, o que, entre outras inúmeras vantagens, valoriza o diploma de cada um de seus alunos.
Para alcançar esse status, nossa produção científica e de extensão deve se aprofundar, aproveitando uma vocação que já faz parte da gênese da instituição.
O Plano Pedagógico Institucional, elaborado recentemente, é muito claro em relação a esses objetivos. E o curso de Jornalismo não só apóia como já vem se esforçando para cumprir as metas.
Por isso, o documento que tem em mãos serve como esclarecimento da conduta da coordenação, dos professores e dos alunos que escolheram desenvolver seus projetos pessoais na Unibrasil.
Em primeiro lugar, o critério mais importante de distinção, na Unibrasil, é o mérito acadêmico. Ou seja, nossos professores e alunos são avaliados por sua produção intelectual, acima de quaisquer outras características. Sem dúvida, o curso de Jornalismo valoriza muito a experiência profissional – tanto que insistimos na contratação de professores que aliem currículo no campo de trabalho e na docência. Mas a formação acadêmica é prioridade.
Nossa perspectiva é clara: o curso de Jornalismo não deve “imitar” as regras do mercado convencional de jornalismo. Deve absorver suas necessidades, mas propor outras experiências, outras perspectivas.
A tomada de postura a esse respeito não é intuitiva nem meramente movida pela necessidade de marketing. Ela vem da análise cuidadosa das exigências que o Ministério da Educação e os principais instrumentos avaliadores requerem no Brasil atualmente.
Os cursos de Comunicação melhor estrelados no Guia Abril e os que tiveram melhores notas no Enade são claramente pautados por essas preocupações. Têm mais produção científica, mais interdisciplinaridade, são muito exigentes com os alunos e intolerantes com mediocridade e desonestidade. Ao mesmo tempo, são os que melhor encaminham seus formados no mercado de trabalho.
Também convém explicar que a Unibrasil apóia a política de avaliação realizada pelo Ministério da Educação. Podemos discordar da precisão dos mecanismos de avaliação, mas sem dúvida o esforço do governo tem sido salutar para disciplinar e promover saudável concorrência entre os cursos superiores no país. Alunos e professores devem manter suas posturas críticas em relação aos instrumentos avaliativos, mas sempre na perspectiva de contribuição pública para seu desenvolvimento.
O que nos leva a outra questão. O que faz de um curso superior “bom” ou “excelente”?
A qualidade das aulas nem deve ser tratada como “diferencial”. É nossa obrigação. E ela começa com cumprimento dos horários, do calendário, dos planos de ensino e da exigência dos professores. Gradativamente, os docentes de Jornalismo vêm sendo estimulados a exigir mais de nossos alunos.
Mas, compreensivelmente, uma mudança satisfatória leva um tempo e um reflexo disso é a alta média de nossos alunos. No último semestre, a média geral foi 7,09. A tendência é que essa média baixe.
Bom treinamento, no entanto, não resume a formação de um estudante. Precisamos da tal “produção acadêmica”. Um bom professor deve se preocupar com suas habilidades pedagógicas, capacidade de motivar os alunos, etc., mas deve, principalmente, produzir conhecimento. Deve ser um intelectual. Se o seu professor é capaz de contribuir intelectualmente – de forma pragmática, inclusive – para o desenvolvimento da profissão, ele está cumprindo com sua obrigação. “Ensinar” a repetir fórmulas do mercado é pouco.
Por isso, todos os professores de Jornalismo, a partir do primeiro semestre de 2008, deverão investir na própria formação e na publicação de artigos científicos.
Muitos alunos vão argumentar – e com razão – que o nosso perfil discente encontra muitas dificuldades para cumprir um programa como esse. São, na sua maioria, trabalhadores e ocupam quase todo o tempo disponível com a busca pelo sustento. Há também a precária formação elementar. Não é segredo que o domínio geral da língua é menos que satisfatório. O conhecimento científico de boa parte dos alunos é pequeno demais para nos precaver da pseudociência e da superstição.
Mas aí é preciso deixar alguns pontos muito claros: em primeiro lugar, a única forma de um trabalhador conquistar um espaço digno na sociedade é através do esforço de formação. Claro que outras variáveis contam no sucesso do empreendimento, mas o mínimo que pode se esperar de quem está disposto a uma profissão é o empenho. Por isso, não há nenhuma chance de os professores “aliviarem” ou “facilitarem” a vida dos estudantes por causa de suas condições econômicas e sociais. O aluno que vem para a aula de helicóptero e o que vem de carrinho de papel são exigidos igualmente no curso da Unibrasil.
Talvez valha a pena lembrar que alguns dos melhores jornalistas (senão profissionais de quaisquer áreas) de todos os tempos vieram justamente das camadas mais pobres da sociedade – o que os ajudou, inclusive, a compreender o universo da notícia de maneira exemplar. O que não podemos esquecer é que, como diz Richard Dawkins, “não há almoço grátis na natureza”. A idéia original da frase não é, nem de longe, inibir a solidariedade. É mostrar que tudo tem um custo. No nosso caso, é o esforço.
Quanto à formação: juntos, professores e coordenação, elaboramos uma série de atividades e procedimentos para atenuar algumas de nossas deficiências. Elas tendem a melhorar o domínio da linguagem e o conhecimento científico. A Cesta Cultural passa a agregar artigos de Ciência. Além disso, todo trabalho, a partir de agora, será entregue nas regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas – o que familiariza o estudante com a organização do método.
Reforçamos aqui outro ponto fundamental. A desonestidade é intolerável. Qualquer plágio ou tentativa de enganar a comunidade acadêmica, seja em provas, reportagens ou pesquisas, ou ainda na falsificação de documentos, serão punidos exemplarmente. Não se pode admitir um jornalista que não tenha a ética como parâmetro fundamental.
Além da honestidade, também gostaríamos de apontar para o ceticismo. Os alunos que já passaram por algumas disciplinas conhecem criticamente a situação vergonhosa de parte da imprensa. Muitos de nossos veículos de comunicação agendam futilidades e evitam assuntos polêmicos; são coniventes com um pensamento conservador e, muitas vezes, criminoso; e demonstram, em geral, total desapego à precisão e ao cuidado com as notícias.
Um bom jornalista duvida o tempo todo e recorre a provas para confirmar até mesmo suas convicções. A prática do ceticismo é salutar, mesmo que isso custe, aos olhos da família e dos amigos, um certo ar de antipatia. Jornalista não serve para panfletar. Ele apura, ele verifica, ele mostra. O discurso fora de lugar empobrece a informação e desdenha do leitor, ouvinte ou espectador.

Sem dúvida, a manifestação política é pilar fundamental na democracia. No jornalismo, ela tem lugar inequívoco, mas nunca deve ultrapassar o princípio da isonomia e da apuração dos fatos. Quando o fato prejudica sua posição política, é ele que deve prevalecer. Os melhores e maiores jornais do mundo praticam essa leitura do jornalismo. E é por isso que formam opinião.
Há alguns assuntos, no entanto, que não podem ser acobertados pela intransponibilidade da “opinião”. Homofobia, racismo, sexismo, preconceitos de qualquer tipo são intoleráveis. Ninguém, nessa instituição pautada pelo pensamento republicano e secular, tem o direito de esconder seus preconceitos atrás da máscara da “opinião”. Não importa o que sua formação ou religião diz: valem os preceitos da Constituição brasileira.
Aliás, todo discurso tem seu espaço na sociedade e realmente precisamos respeitar as várias formas que a cultura adota para explicar o mundo. Mas o ensino superior é pautado pela Ciência. Ou seja, o senso comum e o pensamento dogmático só são válidos como materiais de análise, nunca como explicação. A Ciência comete erros, sem dúvida, mas trabalha com suas próprias limitações e não há, na história da Humanidade, nenhum recurso material que ultrapasse o pensamento científico como veículo de progresso e melhoria das condições de vida das pessoas.

E no curso de Jornalismo, quem tem voz? Todos, mas se quiserem uma ordem de “fala”, apelemos para o mérito acadêmico.
O mérito começa no hábito de leitura, que amplia sua visão. Por “leitura”, entenda mais do que o consumo de literatura (que é fundamental). A vivência crítica de todo tipo de experiência saudável é fundamental. E continua no esforço de estudar. Lembre-se: estudar não é diversão, embora traga felicidade posterior. Estudar é difícil, cansa, rouba nosso tempo livre. Mas não se pode ter sucesso sem estudar – não nesse ramo.
Para concluir: aluno não é cliente. O argumento de que você “paga” e por isso tem esse ou aquele direito não é válido. A relação entre professor e aluno não é comercial.

Um abraço e ótimo ano letivo!

Victor Emanoel Folquening
Coordenador

Maura Oliveira Martis
Coordenadora adjunta

terça-feira, fevereiro 05, 2008

A CENA MUSICAL MAIS CONSTRANGEDORA!


Um dos divertimentos tradicionais dos cinéfilos são os filmes "involuntariamente" gays.

Mas nem isso salva Ao sul do Pacífico (South Pacific, de Joshua Logan, 1958), que finalmente vi no último final de semana.

A lentidão, as coreografias risíveis, a falta de carisma dos atores (principalmente do italiano Rosanno Brazzi, que faz papel de francês, mas é dublado em inglês por outro italiano), o uso pretensioso de filtros para separar as cenas musicais do enredo e o desperdício da boa música e da peça colocam South Pacific na lista que inclui constrangimentos como Across the Universe e Moulin Rouge.

E ainda nos contempla com aquela que é provavelmente a cena musical mais tola da história do cinema: mãe e filha tongolesas cantam Happy Talk para o inexpressivo John Carr. Parece uma apresentação de crianças com problemas mentais, sem o sentimentalismo que daria alguma emoção para a empreitada.

Tudo isso nos faz lembrar o quanto Cantando na Chuva, The Bandwagon e Sete Noivas para Sete Irmãos são geniais.