BOP!

Victor E. Folquening escreve, você lê e diz alguma coisa

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Grupo de gestores para soluções estratégicas nas Faculdades Integradas do Brasil

sexta-feira, agosto 17, 2007

VEM AÍ MICHAEL JACKSON À CAPELA!






















Hoje começamos os testes para escolher os cantores do Grupo Vocal Unibrasil, desejo que eu mantinha desde os primeiros ensaios do Grutun!, mas que ganhou vida por causa da paixão do Alex Wolf pela causa.

São doze vozes que o Alex pensa em usar a serviço da música popular brasileira. O que é lindo, desde que não tenhamos que ouvir Maria-Maria ou Trem das Onze novamente (nada contra, mas não dá para dizer que é um repertório "inovador" nesse tipo de arranjo).
Eu mesmo acho que o futuro é, também, Cole Porter, Brian Wilson, uns lados B dos Beatles (se é que isso existe nos beat-besouros), Zezé de Camargo, Randy Newman e o inigualável Michael Jackson.

You get to wanna be starting something...

Não estou brincando!

Falar nisso, olhem minha cara de bolacha aí na frente do Guaíra, onde O Santo e a Porca fez sair gente pelo ladrão em cinco memoráveis apresentações.
Tão memoráveis que estamos na pauta de Maringá, Guarapuava, litoral... tudo a convite.
E em Ponta Grossa, fechando a 10a FolkCom nesse sábado, 18 de agosto.
Seis da tarde, no Grande Auditório da UEPG, à custa de um singelo quilo de alimento.

Como diriam caras de Liverpool, you never gave me your money!

segunda-feira, agosto 13, 2007

NA ESTRADA COM McCARTHY E McEWAN!




Tomei o ônibus para Piçarras nesse final de semana. Estou num ocaso que outrora me traria melancolia. Incomunicável. Por uma dessas patetices típicas minhas. Perdi o carregador do celular. E usei o ônibus porque queria tempo para ler. As estradas de Santa Catarina não ajudam, ainda mais no final de semana dos Pais. Não dá para ler e dirigir ao mesmo tempo. Além disso, estou ressabiado com carros e meu pai teve um sonho terrível envolvendo um acidente e vários pedaços do meu corpo. Conto para iluminar a narrativa com esse tom kitsch de profecia, mas a verdade é que só soube do sonho quando cheguei lá.
Na ida, concluí Onde os velhos não têm vez, do badalado Cormac McCarthy (Alfaguara, 2006). Praticamente findei o Amsterdam, de Ian McEwan (Rocco, 2006), na volta.
Sem celular, sem dirigir, nas duas tardes bruscas e friorentas que me acomodaram no ônibus. Contra minha natureza, sem qualquer neura sobre o ser-em-si do meu pai torcendo o pé enquanto arrumava um banheiro. A mente limpa e tola, como deve estar para o deslumbre.
Tem algo do tempo nos dois livros. Algo que é inescapável da literatura, mas que certamente serviu à adaptação do primeiro para o cinema, através das mãos dos irmãos Cohen. Fico curioso de ver, embora se se dissociasse do livro talvez não me interessasse. Não faço parte dos entusiastas de Ethan e Joel Cohen e essa coisa bang-bang “new wave” do McCarthy me lembra as chatices do Robert Rodriguez com o dedo nervoso do Tarantino. Bom para muita gente. But not for me.

Isso do tempo.
A condução do MCarthy tem algo que seria um maneirismo se eu percebesse em outra obra. Mas não li. Então me comove a dureza com que evita as vírgulas talvez não evitando mas reservando para explicar uma declaração sem aspas e sem travessão. Por exemplo. Ele me viu saindo da casa, disse ele. A dureza formal se enrosca no realismo doloroso. Ninguém escapa do destino anunciado desde a primeira linha e só percebemos uma redenção meio covarde para o xerife protagonista, sôfrego pelo peso de uma culpa um tanto discutível.
McEwan é um assombro. Ele assusta quem tenta escrever, como o caso aqui exposto, com as vísceras de baixa qualidade pulsando. Reparação é o livro. Digo, O livro. Só que Amsterdam tem uma velocidade, uma violência musical que envolve feito thriller, mas finca suas letras como unhas no lado direito da cabeça, ali onde porventura não há nada. Eu mesmo estou ali, no lugar de Venon, lutando para que a matéria saia, mesmo que de baixo nível, se é que isso realmente existe. Nível. O fato é que o tempo não existe para Venon. Descobriu que ele mesmo, sozinho, não existe. Não é uma máxima sociológica. O vazio, simplesmente.
É um assombro, esse McEwan.