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Victor E. Folquening escreve, você lê e diz alguma coisa

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Grupo de gestores para soluções estratégicas nas Faculdades Integradas do Brasil

sábado, junho 28, 2008

MAIS UM BLOG!

Desde ontem, também assino blog para o sítio da 91 Rádio Rock.
www.91rock.com.br/blog/nao
Espero um olhar carinhoso por lá!

sábado, junho 21, 2008

GRANDES MUSICAIS - PARTE II


A reclamação era mais ou menos óbvia: os compositores de Agora Seremos Felizes (Meet Me St. Louis, 1944) se recusavam a escrever uma música sobre um bonde - um trolley. Ponha-se no lugar de um camarada que, no começo dos anos 40, levava a sério seu ofício. Você teria que pensar em melodia, letra, ritmos que combinassem com o roteiro: um drama nostálgico com toques de humor. Sem non-sense. Se fosse hoje, provavelmente cairíamos no escracho. Ou em um tiroteio em câmera lenta, ao som do rap, já que transporte coletivo é cenário freqüente dos filmes de ação.

Só que se trata de um filme "bobo". Maliciosamente bobo. Os roteiristas - Ralph Blane e Hugh Martin - tentaram dar uma roupagem mais "digna" para o tema, usando o bonde como uma espécie de metáfora. O diretor jogou fora e pediu uma música sobre o bonde!, ora bolas. Enquanto colecionavam recortes de jornais antigos, em busca de inspiração, descobriram fotos do veículo na época em que a história se ambienta (alvorada do século 20). A legenda de uma delas: "clang, clang. lá bem o bonde". Daí saiu um dos momentos mais gloriosos da história do cinema.

"The Trolley Song", contudo, era o menor dos problemas. Tudo caminhava para dar errado. O diretor era um quase estreiante e não contava com a confiança de todo mundo. Tudo bem que era Vincent Minnelli, mas pode-se dizer que ninguém ainda sabia o que isso significava. Para piorar, a estrela estava descontente, desmotivada e fazia de tudo para mostrar que era mimada, sim, e danem-se vocês todos.

Mas era Judy Garland.

A maior "artista completa" da história de Hollywood. Outros dançavam melhor do que ela. Havia quem interpretasse melhor. E até cantasse melhor. Mas quantos fizeram tudo isso num nível tão alto?

Judy era tão boa que Minnelli se apaixonou por ela durante as filmagens, a despeito de seu temperamento terrível. E a despeito de ela ser casada. De ela não ser nem um pouco bonita. E de Minnelli ser gay!
Tanta contradição só poderia ter resultado em Liza Minelli, mesmo.

Meet me in St. Louis é um exemplo de como a paixão dos talentosos é o melhor fermento da arte. O filme é um deslumbre em technicolor, com todas as cores possíveis nos inverossímeis vestidos de babados e chapéus encimados por verdadeiros jardins. Toda vez que tem um solo, Judy é enquadrada por Vincent como num porta-retrato. Às vezes com a janela, às vezes com as árvores, às vezes com as pessoas - pois veja que, quando Judy começa a cantar The Trolley Song, ela é a única sem chapéu. Sua simplicidade é emoldurada pelo colorido calculado dos figurinos e do movimento dos coadjuvantes. Deus, isso sim é dirigir.

Trata-se de um filme ingênuo, inspirado nas histórias publicadas por Sally Benson na revista New Yorker. Doce e familiar. Mas, claro, como toda obra-prima, guarda estranhezas que nos provocam incômodos persistentes. A maior delas, sem dúvida, é a assombrosa sequência do Dia das Bruxas, em que as crianças parecem entrar num frenesi de violência e auto-mutilação. A cena da pequena Margareth O'Brien enfrentando o "homem mau" do final da rua parece décadas à frente de sua época.

Cada canção tem uma história memorável - como a de "The boy next door", cuja letra mudou o endereço descrito no roteiro para que rimasse no refrão. E todas ficaram para o repertório da música popular, especialmente "Have yourself a merry little christmas", que foi alterada pela própria Judy Garland porque, segundo ela, "o final levava a uma espécie de suicídio".

A velha máxima "a estrela que brilha mais, dura a metade do tempo" vale perfeitamente para Judy, que praticamente nasceu no show-business e foi vítima do próprio talento, sem chance de infância ou sossego. Morreu de tanto tomar remédio para emagrecer, viciada em pílulas para dormir e álcool. Tinha pouco mais de 40 anos. Amanhã, 22 de junho, completam-se 39 anos de sua morte.

Ding! Ding!
Garland está ansiosa. O seu paquera, o menino da porta ao lado, não aparece. Toda a cidade parece ter vindo. É a inauguração do bonde! A animação dos outros não contagia a adolescente. O veículo começa a andar. Com ele, a música. Todos cantam felizes. Menos a aborrecida Garland. Até que seu amado surge correndo atrás do bonde, atabalhoado mas sem amassar o impecável terno marrom ou desarrumar a gravatinha verde. Ela quer compartilhar a felicidade, ela quer contar para os outros! Então, depois de dois minutos e 16 segundos do início da sequência, ouvimos e vemos a deliciosa interpretação dessa que é uma das maiores atrizes de todos os tempos:

With my high-starched collar, and my high-topped shoes
And my hair piled high upon my head
I went to lose a jolly hour on the Trolley and lost my heart instead.
With his light brown derby and his bright green tie
He was quite the handsomest of men
I started to yen, so I counted to ten the I counted to ten again

Quer saber?

sexta-feira, junho 20, 2008

MUSICAIS NO ANIVERSÁRIO DE BRIAN WILSON!



Hoje é o aniversário de Brian Wilson!
Em sua homenagem - e em memória à recém-falecida Cyd Charisse, bailarina célebre pelo talento e por duas das pernas mais bonitas do cinema (olhe a foto) - vou listar meus musicais favoritos. Há meses que quero fazê-lo, mas francamente ando sem ânimo. Na tentativa de pegar no tranco, indico alguns para quem curte o gênero. Outra hora, falo de cada um.

Primeiro, uma questão de delimitação: prefiro chamar de "musical" o gênero cinematográfico em que as pessoas dançam e cantam "naturalmente" no enredo. A música é estrela principal. Não é simplesmente um comentário sonoro ou a ilustração de passagens biográficas. Por isso, eu não considero Johnny & June, Ray, Piaf, It's De Lovely, etc., filmes "musicais": são dramas biográficos sobre celebridades musicais.

Também parecerei ainda mais velho e ranzinza, como os camaradas da ESPN que lamentam o fim do futebol há vinte anos, mas tenho dificuldade em listar filmes contemporâneos. O tempo realmente prova alguma coisa sobre a arte, especialmente no seu papel influenciador. Não tenho medo de dizer que as obras ganham significado com o tempo, com a literatura produzida sobre elas, com o consumo compartilhado que enriquece nossas leituras. Não acho que, sozinho, o espectador possa aproveitar plenamente o prazer de assistir um filme.

Essas indicações também parecerão óbvias. A necessária leitura original sobre filmes especiais não pode cair na ingenuidade de desprezar os cânones. É até legítimo que alguém goste, sei lá, de "Dançando no Escuro", mas é uma tremenda falta de conhecimento técnico e sensibilidade estética dizer que o melodrama do Lars von Tryer é melhor que "Cantando na Chuva" ou "Cabaret".

Vejamos:
Dos nove filmes produzidos por Pandro Berman, a maioria dirigido por Mark Sandrich, coreografado por Hermes Pan e todos estrelados por Ginger Rogers e Fred Astaire, eu escolheria dois:

O PICOLINO (Top Hat, 1935)

RITMO LOUCO (Swing Time, 1936)

A forma como essas nove pérolas dos anos 30 foram levadas a cabo é um caso a ser mais seriamente analisado pelos estetas, principalmente aqueles que ainda acreditam na soberania do "autor".

O "autor" aqui, definitivamente, não é o diretor. É Astaire, um sátiro elegante e sem sexo deslizando "seis ou sete" números por filme. O ator chegou a construir um diagrama para orientar o roteiro de cada película, com porções matematicamente definidas para as cenas de romance, ação, comédia e dança. A história era basicamente a mesma, assim como o elenco de apoio: Astaire encontra Rogers, se apaixona e a corteja, ela o repudia, ele dança, ela dança, há uma confusão de identidades, e no final eles dançam de novo. Normalmente tem um mordomo (Eric Blore) de comentários venenosos que desafia o patrão atrapalhado e sexualmente carente (Edward Everett Horton). E uma coadjuvante um tanto histérica ou blasè que serve de confidente para Rogers ou esposa de Horton (Helen Broderick).

São todos iguais? Sim e não. Cada um deles é especial e acho que podemos encará-los como uma investigação realmente autoral de uma possibilidade, de um tema. Em proporções obviamente diferentes, Astaire fez da parceria com Rogers o que Monet fez a partir do lago com nenúfares ou da Catedral de Ruen.

Fred Astaire impedia os diretores de usar cortes ou edições nas cenas de dança. Ele considerava um desrespeito com o espectador privá-lo do corpo todo dos bailarinos e do tempo correto dos números. Li numa das coletâneas do crítico Roger Ebert que, velhinha, Ginger Rogers reclamou de "Embalos de sábado à noite" por causa dos planos picoteados e próximos "demais". "Esses jovens acham que podem dançar com os olhos", ela teria dito.

Em Picolino, além da maravilhosa música de Irving Berlin, aproveitamos os cenários art-decò e o charme delicioso de Rogers, uma mulher de personalidade forte e sexy appeal injustamente desvalorizado (perceba, nas cenas em que aparece de cetim ou calças de pijama, que bundinha formosa essa mulher tinha!). É quase consensual que não havia erotismo na relação entre os dois, mas a competição e a nítida admiração mútua provoca um frisson que gela nossa barriga. É quase sexual.

Antes de entrar em cena, o casal ensaiava literalmente até os pés sangrarem. A própria Ginger talvez seja um pouco responsável por ser menos valorizada do que Astaire. Ela queria ser uma atriz "séria" e evitava a todo custo ser rotulada como atriz-cantora-dançarina, muito embora, nas palavras da própria, "eu fazia o mesmo que Fred, só que para trás e de salto".
Veja a garota fazendo o "reverso em agulha" depois de convencer a todos - diretor, coreógrafo e o próprio parceiro - que aquele extravagante vestido precisava ser usado em cena, mesmo que, décadas depois, a gente fique prestando atenção às plumas voando pela pista: http://www.youtube.com/watch?v=oWiTxsdR6no (ah, sem falar que estamos ouvindo "Cheek to cheek", uma das maiores canções de todos os tempos!). Em tempo: Astaire se opôs fortemente ao figurino, mas, depois da estréia, mandou uma jóia de presente para a colega, acompanhado de um bilhete onde se lia: "você tinha razão".

Ritmo Louco, que foi dirigido por George Stevens (Assim Caminha a Humanidade, Um Lugar ao Sol), é o favorito de alguns críticos, mas eu divido esse amor com Top Hat. Ainda assim, talvez o cinema não tenha nos proporcionado uma cena tão deliciosa quanto o número Pick Yourself Up, que abre o filme: Astaire, flechado pelo cupido, segue Rogers até a academia de dança em que ela leciona. O mancebo finge que é um descordenado e faz a garota amaldiçoar a própria profissão: "eu não conseguiria lhe ensinar nada nem em um milhão de anos". O mau-humorado patrão de Rogers (aqui Eric Blore não é mordomo!) vê isso e a demite. O resto, você imagina. Começa com algo como "espere, acho que aprendi alguma coisa..." Ou melhor, nem imagine: http://www.youtube.com/watch?v=mxPgplMujzQ
Depois, entre outras felicidades, ouvimos Fred cantar The way you look tonight para uma zangada Ginger, trancafiada no banheiro. Na primeira nota, como disse a Priscilla, já dá vontade de chorar de alegria. http://www.youtube.com/watch?v=PgRtP74AbO0

Bom, vou trabalhar. Depois escrevo sobre outros musicais.

QUEM MANDOU MORAR NUM BAIRRO CHAMADO BIZARRO?

IC diz que líquido que verte em casa é sangue humano
19/06 - 23:16 - Agência Estado

SÃO PAULO - O Instituto de Criminalística de Jundiaí (a 60 quilômetros de São Paulo) identificou como sangue humano o líquido vermelho que verte do chão da casa de um casal de aposentados, no Jardim Bizarro. O mistério começou no último domingo, de acordo com Boletim de Ocorrência registrado pelos moradores.
Segundo informou o proprietário da residência, um funcionário público aposentado de 71 anos que preferiu não ter seu nome divulgado, por volta de 18 horas sua mulher tomava banho quando viu sair um líquido vermelho do chão do banheiro. O "fenômeno" se repetiu na segunda-feira e depois não ocorreu novamente. O aposentado disse à reportagem do Estado que o líquido começava a verter sempre do banheiro, não somente do rejunte, mas também da superfície do piso. E que chegava a jorrar a até dez centímetros de altura do chão.

quarta-feira, junho 11, 2008

DEVERIA HAVER UM DESENHO DO MICKEY CHAMADO TOP RAT!


Ficar parado ali no canto é tão tão visível, tão bobo, que talvez seja melhor sair dançando mesmo, enfrentando quem está de butuca. Mas é claro que chamaria ainda mais a atenção. Nem estou vestido a caráter. Fred Astaire me olha como se me conhecesse. Não imaginava que ele faz o estilo “simpático profissional”. De qualquer modo, o camarada foi sensível e percebeu meu desconforto. Faz essa cara de “ei, pal, sou solidário!”.
Ele vem arrastando os pés e me tira para dançar. Heaven, I'm in heaven. O que você está fazendo? And my heart beats so that I can hardly speak. Estou colhendo morangos. And I seem to find the happiness I seek. Ei, isso foi uma ironia ou ele quer dizer algo? Deus me livre da segunda hipótese. Ficaria muito desapontado com metáforas baratas. E talvez com um pouco de medo. When we're out together dancing cheek to cheek. Você está se saindo bem, para quem não é dançarino. Heaven, I'm in heaven. Será que ele pensa que sou gay? Ei, Fred, não sou gay. And the cares that hung around me through the week. Ah, claro que não. Não estou nem interessado em saber. Isso é dançar. Seem to vanish like a gambler's lucky streak. Tá, mas eu acabo de perceber que estou fazendo seus passos para trás... When we're out together dancing (swinging) cheek to cheek. Viu, você está se saindo bem. Oh I love to climb a mountain. Mas olhe para meus pés... And reach the highest peak. Você está louco. Eu sou Fred Astaire. Acha que vou olhar para os pés enquanto danço? But it doesn't thrill me half as much. Eu quero dizer que não uso salto. As dancing cheek to cheek. Bom, isso facilita as coisas para ti. Oh I love to go out fishing. Eu não sou Ginger Rogers! In a river or a creek. Disso eu não tenho a menor dúvida. But I don't enjoy it half as much. Saudade. As dancing cheek to cheek.