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terça-feira, agosto 01, 2006

O AVATAR # 6! Rocky Ombro mostra a que veio nessa continuação improvável

Episódio de hoje: “Em que parte do esquema entra... o crime? – parte 2”.


A passos lentos, o detetive Rocky Ombro atravessou a sala da delegacia onde,
minutos antes, o exemplar policial Peter Folk havia sido morto por uma
zarabatana envenenada. Uma voz misteriosa do além tinha lhe dado a dica de que
algo ruim, muito ruim mancharia a tarde na 77a DP. Pena que o trânsito
insuportável das 14 horas impediu O AVATAR de evitar o assassinato e uma
cacofonia.

Rocky Ombro iniciou os procedimentos: “Vamos ver o que Peter nos diz”.
“Receio que ele esteja morto, detetive”, adiantou-se Cássio.
“Eu sei, mas na polícia aprendemos a ‘perguntar’ coisas para os corpos”
“Pode ser, mas acho que ele não vai responder”.
Ombro se abaixou e tocou a inflamação deixada pela flecha no pescoço do defunto:
“Tenente, há algum índio no departamento?”
“Só se estiver disfarçado”.
“Então mande verificar os móveis e as costas do grupo de corcundas que prendemos ontem”. Ombro lembrou-se da época que serviu na reserva de Mangueirinha. Alguns índios são capazes de se confundir com cestas de vime. Transformar-se num sofá ou num calombo não seria passo muito difícil. A cada ano, a nova geração de índios torna a anterior completamente obsoleta.
Hernandez Lopez esticou uma cartolina na mesa e com um pincel atômico azul desenhou um esquema. No campo POTENCIAL escreveu “muitos policiais envolvidos = + chance de dar certo”. No espaço DESAFIO, redigiu “achar assassino, capturar índios, obrigar o chefe dos corcundas a falar, otimizar gastos, comprar produtos de limpeza e cobrar assinatura no livro-ponto”.
“O senhor desconfia de alguém, detetive Ombro?”, perguntou Xana, disposta a levar a farsa até o fim.
“O Senhor não desconfia, o Senhor sabe”, respondeu O AVATAR sem desviar os olhos do cadáver. “Quanto a mim, não tenho maiores suspeitas. A senhora tem, dona Xana?”, e finalmente ergueu a cabeça na mulher, olhando-a no fundo dos olhos, “Ou seria melhor dizer dona Maria Aparecida dos Santos?”
Xana tomou um susto tão grande que quase ficou molhada de medo.
“C-com-como sabe disso?”
“Como não é importante. Por quê é a pergunta correta”.
Xana Aparecida se sentiu exposta. Deu as costas para Ombro, acendeu, trêmula, um cigarro de cravo, usufruiu uma longa baforada para recuperar a calma (“o que o pastor Lambança faria?”)e resolveu levar a atenção dos ouvintes para outra direção:
“Quando me converti à verdadeira igreja de Cristo, resolvi me livrar de todo o passado católico”, interrompeu a fala para cuspir na escarradeira de Lopez, “E não havia nome pior para minha nova fé do que Maria Aparecida dos Santos”.
“Pelo menos sua mãe não era fanática pela vovó Donalda”, lamentou Colimério ao lembrar do seu irmão, Gansolino - interferência que lhe valeu um tapa de advertência na nuca, dado pelo tenente Lopez.
Xana prosseguiu: “Eu percebi que quase todos os nomes eram usados pelos porcos católicos e suas estátuas demoníacas. Pensei em me chamar Bisonha, mas descobri que até o santo padroeiro da cidade tem esse nome”.
“Assinar Xana te pareceu bom, então?”.
“Tão bom como qualquer outro. Pelo menos você não vai encontrar uma freira chamada Xana”.
Certo, certo. Rocky Ombro agradeceu a todos e disse que iria se recolher. “Elizabete está gripada e isso afeta muito a cabeça dela, sabe? Hoje de manhã a pobrezinha escreveu uma coisa tão sem sentido no catarro! Bem, o fato é que preciso dar uma olhada e um beijinho de boa noite na bolha”.
Os funcionários começaram a arrumar a bagunça; Cássius e Linus já tentavam abrir algum orifício de Folk para a perícia científica. Foi quando Rocky Ombro parou na porta, colocou a mão na altura do queixo, e disse:
“Só mais uma coisa, sra. Maria Aparecida”.
“Xana, por favor.”
“Srta. Gavirova, pode ajudar nossa colega?” E apontou para a pena de avestruz que grudara em seu brinco. “Só mais uma única coisinha, dona... Xana. Uma coisinha que não entendi direito. Eu não sou muito rápido, sabe? Minha filha Elizabete sempre diz algo como UAHCT quando me despeço. Tenho a impressão que significa ‘tome cuidado, trapalhão’. Ela sabe o pai que tem: um homem muito lento...”
“Pode ir direto ao ponto, detetive?”
“Vou direto ao ponto, Xana. Por que nunca contou de seu envolvimento com Peter Folk na época que era casada com o tenente Lopez?”
Maria Aparecida começou a recuar, com os olhos arregalados, praguejando de forma incompreensível.
Hernandez Lopez desabou sentado, desafortunadamente na escarradeira: “O que significa isso? Diga que é mentira, meu amor!”
“E o mais importante”, as palavras de Ombro eram como uma nova zarabatana disparando verdades envenenadas no coração da policial, “Como pode uma mulher tão recatada, que se recusava a engolir depois de fazer sexo oral em Folk, conseguir esconder uma arma indígena no meio das pernas?”
Lopez soluçava: “Não engolia? Em mim ela nem fazia!” Xana girava a cabeça como uma doida varrida. O AVATAR tirou as algemas do bolso e começou a caminhar na direção da assassina.
“Eu não daria mais nenhum passo, detetive. Ninguém vai prender a mulher que me tirou do lado negro da força e me mostrou Jesus”, gritou Colimério. Na sua calejada e cabeluda mão esquerda havia uma estranha arma azul que parecia de plástico. “Fique no seu lugar. Sei bem como usar um fêiser”.
Ombro pensou em usar o truque do Ardil Carbomite, mas decidiu por outra abordagem:
“Cuidado para que a arma não exploda no seu rosto, colega. Há um cisco na culatra”.
Para conferir se a advertência era verdadeira, Colimério aproximou a “arma” dos olhos e... grudou-a no nariz. “Socorro, esse homem tem pacto com Satã. Que truque diabólico é esse?”
O fêiser de Colimério era, na verdade, uma pistola de cola usada nas mesas de fórmica do escritório.
**
Detidos os dois evangélicos, a delegacia voltou a ficar segura. Linus, um jovem sempre disposto a aprender, se aproximou de Ombro: “Como sabia do caso entre Folk e Xana, detetive? Leu a mente deles?”
“Não, aprendiz. Você se espantaria com a quantidade de coisas que se descobre numa sauna”.
Linus deu uma gargalhada que ficou congelada na cena final.
Rocky Ombro colocou o paletó nas costas e fechou mentalmente a conta daquele caso: ”Obrigado, amigo do além. A pena de avestruz me mostrou que Xana era o índio disfarçado. Exatamente como você previu quando tomou forma no vapor da sauna!”

No próximo episódio: Um tal de Columbo é eleito o maior detetive de todos os tempos, o que leva Rocky Ombro a um retiro na distante cidade de Ponta Grossa. Lá ajudará os irmãos Elder a desvendar um esquema de desvio ilegal de estradas. Não perca: “Quem mexeu no meu itinerário?”.

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vitorino FOLKening!
Você é uma pessoa má!
Tô rachando o bico de dar risadas até agora!
Muito bom,
Muito bom mesmo!

1/8/06 13:39  
Anonymous Anônimo said...

Rá, muito, muuuuuito boooommmm!!!

2/8/06 08:48  
Anonymous Anônimo said...

Ninguém me tira da cabeça q vc tem pacto com o diabo; cara, q mente diabólica!!!! "Detidos os evangélicos, a delegacia voltou a ficar segura". Muito bom. Parabéns

2/8/06 09:10  
Blogger Unknown said...

Eu tenho medo de evangélicos e trauma de testemunhas de Jeová!!!
Vc precisa colocar um contador de acessos aki no seu blog!

2/8/06 13:16  
Blogger Escritório de Gestão Integrada said...

Rafa, como eu coloco um contador de acessos?

2/8/06 13:44  
Anonymous Anônimo said...

Jesus, vou tirar a tarde para me atualizar aqui. Estou atrasado umas 6 voltas já.

2/8/06 13:57  
Anonymous Anônimo said...

Estava sentindo falta desse sarcasmo!! Já aprendeu a colocar fotos? Beijocas!!

2/8/06 17:42  
Anonymous Anônimo said...

Essa é uma delegacia ou uma "universidade" no final de um campo bem comprido?
Genial! Alguém precisava publicar essa aventura do Rocky Ombro na gazeta ou outro lugar... eu pagava déizão pra ver a cara do tenente Lopes lendo a "ficção" do detetive. Ou a detetive Xana...

2/8/06 22:31  
Blogger Escritório de Gestão Integrada said...

Nana! Que bom vê-la por aqui. Na verdade, eu fiquei de saco cheio de tentar pôr as imagens. Vou tentar de novo - só que agora fico intimidado: meus pobres desenhos ficam mais ridículos perto do traço do Benett! Beijo.

7/8/06 21:58  

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