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quinta-feira, julho 27, 2006

O AVATAR # 2! Rock Ombro às voltas com um mistério no céu

Episódio especial com 125 linhas de duração: “Senhores passageiros, desliguem os celulares”

O detetive Rock Ombro e sua filha Elizabete estão no vôo 125 da Companhia Glair
para o outro lado do país. Pela janela sobre a asa esquerda do avião, O AVATAR
vê o rosto do sargento Strinksmeyerson nas nuvens. Foi o homem que o ajudou a
enfrentar os primeiros anos da academia, o sujeito que apresentou Seigla, sua
esposa e mãe de Elizabete. Ombro percebe que sua mão treme ao segurar o uísque.
Pudera, todas essas coisas são novidades para ele.

Na noite anterior, acordara com um uivo doentio, um gemido bestial, um balido satânico a perfurar seus ouvidos. Era seu próprio ronco. “Seigla! Saponópolis!”, foi o mais importante do que lembrou daquele sonho enigmático.
Imediatamente providenciou as duas passagens e agora cruza os céus em direção ao seu destino. “Quem é Seigla?”, perguntou o tenente Hernandez ao receber o inusitado pedido de folga. “Parece que é minha esposa”. Ombro não sabia que tinha sido casado e raras vezes pensava no motivo pelo qual aquela garota dentro da bolha morava em sua casa. Apenas lia “IAP”, escrito no bafo da respiração da pobre infeliz, e respondia: “Iap para você também, meu amor”.
Isso iria mudar. Alguém ou alguma coisa havia se manifestado durante o sono. O AVATAR, como era conhecido pelo vizinho turco que se mudou, tem um dom – ele conversa com o além. Às vezes esse talento é um fardo difícil de carregar.
“Posso me sentar aqui do seu lado?”, perguntou a debutante Kelly Spelks Wrorstinberg, erguendo as sobrancelhas e iluminando os acentos com seus grandes e curiosos olhos azuis, “Minha janela fica muito do lado direito e isso dá um azar danado”.
“Ah”, surpreendeu-se Ombro ao ser pego absorto em seus pensamentos, “infelizmente está ocupado, minha querida”.
“Puxa, é que estamos na metade da viagem e como não vi ninguém aqui... será que seu acompanhante não resolveu se sentar em outro lugar?”.
“Não”, disse calmamente o detetive, “ele está aqui”. Antes que Kelly pudesse expressar seu espanto, Ombro aproveitou a passagem da comissária de bordo e solicitou “mais um pouco daquele líquido parecido com guaraná”.
Um rápido tremeluzir e... as luzes se apagam! Ensaia-se o pânico. Sem demora, o experiente comandante Paquito Svenson tenta tranqüilizar os 67 (68, diria nosso herói) tripulantes. “Passamos por um túnel de nuvens, pessoal, logo tudo estará claro nov... argh”
As luzes se acendem. As pessoas estão estáticas, silenciadas na imensidão do céu. Ouve-se um grito. É do co-piloto, que irrompe pela porta da cabine, trêmulo, e vomita as palavras, num ato desesperado de quem espera ser vítima de um simples pesadelo: “O comandante foi assassinado!”
Acostumado com situações semelhantes por causa dos anos de patrulha pelas ruas da cidade, Rock Ombro mantém a calma. Enquanto os outros passageiros berram, desmaiam, praguejam contra Deus, rezam, abraçam uns aos outros ou a si mesmos e tentam irresponsavelmente ligar para algum parente, O AVATAR fecha os olhos por um segundo e procura uma conexão mais clara. Então ele ergue o corpanzil fortalecido pelas feridas de guerra, e passa a colocar ordem na situação. “Em primeiro lugar, me dê esse telefone”, disse para a sra. Olga, viúva inconsolável do Barão de Albuquerque, “não sabe que é altamente perigoso fazer ligações de celular durante o vôo?”.
Quando todos silenciam, ele prossegue: “Tem algum médico a bordo?” Bem na frente de Ombro, por coincidência, um homem baixo, gordo e careca, vestido de jaleco branco e com estetoscópio no pescoço, levantou a mão quase em câmera lenta. “Dr. Lagomar Pedhista se apresentando, senhor”. Quando apertaram as mãos, O AVATAR não deixou de notar, silenciosamente, uma lontra de capacete tatuada no pulso do médico. “Dr. Pedhista, pilote esse avião”.
O cirurgião, que nos minutos anteriores só conseguia pensar que talvez nunca mais sentisse o peito macio de Jefferson, olhou para todos a sua volta e exclamou: “Mas, como sabe...” Ombro dá as costas, acende um cigarro e conclui: “Alguém me disse. Mãos a obra, doutor. Não se preocupe, terá um co-piloto quando chegar à cabine”.
“Eu sabia! Eu sabia!”, gritava Kelly, “eu não deveria ter sentado do lado direito”. Compreensivo com a histeria da jovem, o detetive interpelou: “não adianta chorar, boneca. Devia ter pensado nisso antes de embarcar... agora, com licença, eu tenho um crime para desvendar”.
Mas qualquer movimento pelo corredor estava cada vez mais difícil. A aeronave ziguezagueava e parecia perder altura. Com enorme dificuldade, Rock Ombro alcançou a cabine e encontrou o doutor acomodado na poltrona do piloto, olhando para trás. “Por que não está com as mãos no manche?” Pedhista ergueu os ombros e abriu os braços: “Espero o co-piloto que você disse que vinha. Não tenho a menor idéia de como se dirige isso”.
Bingo! Era justamente o que Rock Ombro esperava ouvir.
Apesar do barulho quase ensurdecedor do avião em queda, O AVATAR conseguiu alcançar o microfone e falou com os passageiros. “Amigos, podem se acalmar. Eu desvendei o mistério. Sei quem matou o piloto!”
Mas antes que pudesse revelar o nome do assassino, um grande baque atirou a todos contra o teto do avião. Em seguida, o ruído infernal das turbinas se silenciou num escuro profundo e os poucos passageiros lúcidos começaram a sentir a água escorrer pelo chão. Kelly abriu o olho que não foi cortado pela fuselagem e percebeu que finalmente conseguira um lugar sobre a asa esquerda – pelo lado de fora!
Assentos, roupas, corpos e comida plastificada se misturaram rompendo as últimas referências de direção. O que era escuro virou breu, pois as luzes da consciência é que se apagavam, uma a uma, naquele entulho de carne e aço.
...
Dois dias depois, Rock Ombro abre os olhos. A primeira coisa que vê é o rosto da enfermeira Dirce, especialista em circuncisões e vasectomia, mas emergencialmente transferida para a tenda improvisada no balneário de Praia Beach. “Quantos se foram?”, pergunta o detetive. Dirce levanta o lençol sobre a cintura de Ombro: “Os dois ainda estão aqui”. O homem encontra forças para sorrir, ainda que apreensivo quanto ao destino daquelas 68 almas. “Não, quero saber de todos os meus amigos”. Ela ri, mostrando que entendeu, levanta novamente o pano e diz: “Pode ficar tranquilo, os TRÊS ainda estão aqui”.
O AVATAR estava muito fraco para insistir, mas uma voz vinda debaixo da cama fez com que lembrasse de algo muito importante, uma das razões para aquela viagem fatídica: “Enfermeira, sabe o que fizeram com os embrulhos que estavam no bagageiro do avião?” Ela misteriosamente sabia. “Recuperaram tudo, detetive, e já enviaram para as residências via sedex”. Na porta, Dirce ouviu um suspiro de alívio: “Ainda bem, pois minha filha estava guardada lá!”
Sozinho no quarto, Rock Ombro liga a tv e zapeia para encontrar notícias sobre o acidente. Passa de relance por uma imagem e, ao voltar para o canal, já não revê o sujeito negro, com duas cicatrizes em forma de redemoinho, vestido com um colete do Clube dos Hemofílicos. “Terrorist...”, murmura antes de sucumbir ao efeito do sedativo.

No próximo episódio: Interpretando o movimento de moluscos num aquário, Rock Ombro passa a desconfiar que o verdadeiro nome da enfermeira Dirce é... Seigla! Não perca: "S de Dirce".

10 Comments:

Blogger Henrique Schaefer said...

Opa, tá visto o novo blog. Vai continuar a postar no outro? Abrç

27/7/06 17:48  
Anonymous Anônimo said...

Gradativamente, vou abandonando, Henrique. Esse aqui é melhor por causa das possibilidades de layout. Eu só preciso resolver um probleminha com a postagem de imagens. Mas agora, quando eu comparo, o outro parece pálido demais.

27/7/06 17:53  
Anonymous Anônimo said...

ahhh não!!! eu gosto tanto do outro...

27/7/06 20:12  
Anonymous Anônimo said...

Tá certo, tá certo. Você manda, gatinha. Até atualizei o outro.

27/7/06 21:48  
Anonymous Anônimo said...

Vc devia torcer pelo Operário P.G. Não por maior freguês do Paraná!!

27/7/06 21:54  
Anonymous Anônimo said...

Diodio, eu torcia para o Operário... quando ele existia. Agora o Fantasma de Vila Oficinas merece o nome mais do que nunca.

27/7/06 23:58  
Anonymous Anônimo said...

Mal posso esperar pela próxima aventura.

28/7/06 08:55  
Anonymous Anônimo said...

Adorei!!! Quando vai ter camiseta e adesivo pra carro do Rocky Ombro?? eu quero!

28/7/06 10:52  
Blogger Escritório de Gestão Integrada said...

Sílvia, pode apostar! Em breve...

28/7/06 11:39  
Anonymous Anônimo said...

Your are Nice. And so is your site! Maybe you need some more pictures. Will return in the near future.
»

16/8/06 04:41  

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