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quarta-feira, julho 26, 2006

SUFOCANDO A CENA DO CRIME! Proposta para série de TV

Episódio piloto: "Justiça em família".

Mike, Todd, Elmer, Michael, Ismael, Marcus, Tobias, Nathanael, Jeffrey e
Cleverson Elder não são detetives comuns. Eles são todos irmãos e investigam
juntos os violentos crimes do distrito de Guaragi, em Ponta Grossa. Os irmãos
Elder provam que uma família unida vence qualquer desafio.
O delegado Frank Gutiérrez, deslocado recentemente de Palmeira para o distrito de Guaragi, entrou em pânico quando encontrou os corpos do casal Motta nas cercanias da chácara Maravilha, na comunidade de Roxo Rois.
Ligou imediatamente para o mais velho dos Elder, Mike. Cinco minutos depois, a perua da família de detetives, conhecida pela imprensa de Ponta Grossa como a van Elder, cantou os pneus em frente à velha estação da companhia elétrica. A cem metros dali, os policiais tropeçaram num monte de terra que se revelou a cova rasa onde estavam escondidos os corpos de Berga e Omar Motta.
“Por Jeová!”, blasfemou Gutièrrez, “Passamos dois meses procurando o casal pela vizinhança. Nas horas vagas, os rapazes usavam o monte de terra para marcar a quadra de queimada... e nunca desconfiamos... Filho, estou nessa profissão há 43 anos e, faltando só a metade disso para a aposentadoria, ainda me surpreendo todos os dias”.
Os irmãos Elder sempre falam em jogral, uma coisa que aprenderam com seu velho pai.
“Essa...”
“Vida...”
“É...”
“Cheia...”
“De...”
“Surpresas...”
“Delegado...”
“Gutielez...”
“... camarada...”
“Isso aí”.
Cleverson era só um bebê quando seu pai, o sargento Helder Elder, não suportando o falecimento da esposa, levada por um ataque fulminante de seborréia, tirou a própria vida com oito facadas nas costas. O choque por causa da tragédia trouxe traumas a todos os filhos. Nathanael, por exemplo, passou a trocar o “r” pelo “l”. Mas Cleverson, o caçula, sempre tem flashbacks bons quando toma banho. Consegue ver a holografia de seu pai, vestido com um manto marrom e uma espada de luz, lhe dando conselhos embaixo do chuveiro.
Helder Elder pregava a unidade familiar acima de todas as coisas loucas desse mundo insano. Então o casal e seus dez filhos faziam tudo juntos, inclusive tomar banho. Quando os avós e os primos vinham de Imbituva, também entravam no sabão. Falar em jogral foi a última lição do sábio e ponderado pai: “Está no Livro Sagrado, filho. Zafeu, capítulo 8, versículo 8: a família que fala unida, ficará unida como os testículos de Noé, cuja fé livrou seu saco da fúria do Pai Celeste. Amém”. “Amém, papai”.
Mike começou a perguntar: “Quem”
“é”
“o”
“principal”
“suspeito”
“desse”
“crime”
“holendo”
“delegado?”
“É isso aí”
Segundo o aturdido policial, os vizinhos descreveram vagamente um sujeito negro, com duas cicatrizes em forma de redemoinho na região lombar, vestido com um colete do Clube dos Hemofílicos, saindo sujo de sangue da casa dos Motta; arrastava um saco pesado de cuja abertura saía uma mão.
“Pode ser qualquer coisa”, deduziu o delegado.
Segundo as testemunhas - pessoas que freqüentam o templo de Jeová na frente da propriedade -, um homem que se encaixa na descrição havia ocupado uma casinha sanitária no fundo da chácara Maravilha.
“Descobrimos que o casal Motta tentava tirar esse homem da casinha havia meses, mas ele alegou que era propriedade improdutiva desde que os donos construíram um banheiro nas dependências da residência”, explicou Gutièrrez. Na verdade, Omar Motta dizia a quem quisesse ouvir: “Produtiva ou não, a casinha é minha. Se eu construí ou herdei do meu pai, o problema é meu”.
Com seu sistema randômico de celulares, os irmãos Elder ligaram para o juiz Silvester – que lhes devia um favor – e solicitaram um mandado de busca. De posse do documento, arrombaram a porta da casinha e, ao dar voz de prisão... não havia ninguém. Apenas um bilhete onde se lia: “Reforma Imobiliária Já! Viva a revolução urbana”. E um desenho mal feito do Bob Cuspe sob a patente.
Mascando fumo (sua marca registrada), o delegado Frank Gutièrrez olhou para cada par de olhos dos Elder. Ele sabia o que fazer. Foi até o rádio da polícia e passou o procedimento: “Atenção todos os carros. Prendam todos os negros hemofílicos sem-teto que encontrarem. Isso é para ontem!”. A última frase, na verdade, deixou os policiais muito confusos.
Os irmãos Elder entraram na van e voltaram para o Núcleo Habitacional 31 de Março, sua base de operações. Pela primeira vez, Nathanael conseguiu ver o espectro do pai, cavalgando ao lado da perua. “Bola pla flente, papai”, pensou.

No próximo episódio: Desafetos da polícia, os irmãos Elder encontram enormes dificuldades para, juntos, investigar a cena de um latrocínio. Não perca: “Crime no Elevador”.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Muito bons os dois.

27/7/06 08:49  
Anonymous Anônimo said...

O /rock Ombro é mais fofinho... gosto desses homens solteirões
Fiquei fã.

28/7/06 10:55  
Anonymous Anônimo said...

Professor,
Como foi mesmo que surgiu esse sobrenome `Elder´? Você sohhou com isso também?

Ah, e não precisa traduzir =) eu sei o que significa!

Ah!! E como assim? Ela tinha seborréia nas costas? Peluda?

30/7/06 09:55  
Anonymous Anônimo said...

Para falar a verdade, acho que tem a ver com uma história real: certa vez mandei uma mensagem para uma amiga que tem dois filhos. Ela já tinha falado muito do caçula. Perguntei: e o elder, vai bem? Ela respondeu: o nome dele não é Elder.
**
Ela tinha seborréia na cabeça, eu presumo: ele é que se matou com 8 facadas nas costas.

30/7/06 15:35  
Anonymous Anônimo said...

hahaha eh verdade! Sorry, prometo ler tudo =)

30/7/06 19:53  
Anonymous Anônimo said...

Hmm I love the idea behind this website, very unique.
»

17/8/06 16:22  

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