O AVATAR # 5! Rocky Ombro numa intriga de inveja, sexo, morte e senso comum
Episódio de hoje: “Em que parte do esquema entra... o crime?” - parte I.
“Está vendo esse esquema que desenhei atrás do Boletim de Ocorrências, srta. Gavirova?”, explica o empolgado Lopez para a resignada secretária, “Esse desenho agora vai guiar minha vida. Desse lado nós temos nossas potencialidades”, e risca um enorme círculo na palavra POTENCIAL. “Desse outro lado, nossos desafios”, e desenha uma flecha apontada para DESAFIO, “Embaixo, as coisas que representam obstáculos para nosso sucesso”, e sublinha a expressão MAU OLHADO. “No meio, o resultado que esperamos conquistar!” E rabisca um losango na parte vazia do papel.
“Muito inteligente, tenente”.
“Chama-se Administração Moderna. Realmente é difícil de acompanhar, pois se trata de ciência avançada. Sem dúvidas, foi uma decisão brilhante do reitor Tibúrcio Ronquefuça tirar a aula inútil de Arte do currículo do UniCórnio e substituir por Técnicas de Marketing Pessoal”.
“Outros tempos, né, tenente?”. Galinka Gavirova não ousava contestar o resultado de árduo esforço intelectual, embora secretamente odiasse os métodos administrativos modernos – foi com eles que o ex-governo comunista de Porto Alegre confinou seus pais a uma garrafa.
“Isso mesmo. Estado, polícia, igreja, museus, cemitérios, família... já chegou a hora de todas as instituições entenderem que o segredo do sucesso é uma administração racional e produtiva, como na iniciativa privada”.
Lopez é um homem de estações. Na primavera, fez reformas na delegacia inspiradas num curso de numerologia:
“Não acredito que está me demitindo! Eu trabalho o dia inteiro, acumulei as funções de policial, advogado, promotor, carcereiro, escrivão e ganho a metade do salário da secretária”, bradava o agente Geraldino Bocaiúva, ex-combatente, pai de 6 filhos e presidente honorário do Clube dos Hemofílicos. “Só pode ser porque sou o único negro desse departamento”.
“Eu não sou racista! Pensa que sou algum tipo de judeu ou algo assim?”, revoltou-se Lopez. “O problema são as letras do seu nome: somando as consoantes dá 8, péssimo para prosperidade em empresa cuja atividade profissional começa com D”.
A numerologia não deu muito resultado, o que era previsível: Hernandez Lopez havia escolhido a carreira policial justamente porque reprovou em matemática várias vezes na escola.
“Ouvi dizer que o chefe vai implantar a teoria dos cinco ‘S’ por aqui”, cochichou o agente Linus, enquanto socava a emperrada máquina de café-no-isopor. Cassius fez uma careta: “Ai, ai, tomara que ele não tenha uma recaída com feng shui”.
No verão passado, o tenente mudou os móveis da delegacia para que o ambiente adquirisse a “correta harmonia da Justiça”. Na nova disposição, os agentes ficavam dentro das celas e os presos sentados em L na porta da frente.
Gavirova colocou a cabeça no vão da portinhola:
“Ei, rapazes, o delegado está chamando todos para o escritório”.
Em pé sobre a mesa de reuniões, Hernandez Lopez se apoiava no ombro de Peter Folk, o estabanado detetive que não tirava o sobretudo amarrotado sequer no verão e por isso mal conseguia se equilibrar no móvel de fórmica.
“Colegas!”, começou o tenente, depois de pigarrear e chamar a atenção de um preso que não olhava para o centro do escritório durante o prelúdio do discurso. “Esse será um ano muito bom para todos na delegacia. Ontem eu tive uma conversa com o Superintendente Geral da Polícia, o doutor Frangoberto Pintassilgo...”
TODOS: “Venha a nós, Senhor”.
“Ele prometeu aumentar a área do refeitório, adiantar o plano de carreira dos...” Quarenta minutos de blá-blá-blá depois:
“...e como parte dessas mudanças, estamos nos qualificando para servir melhor aos interesses do doutor Pintassilgo...”
TODOS: “Venha a nós, Senhor”.
“...e até mesmo da comunidade. Por isso quero aplicar todas as boas técnicas de administração e marketing nesse novo projeto. Hoje vou dar um exemplo de como podemos valorizar profissionais leais ao departamento. Folk, acorde!”
Alguns dos presentes se entreolharam com admiração. “Chegou a vez do grande Folk! Você é o Number One dessa nave!”, aplaudiu o novato Colimério Lobster, um ex-aluno de Folk na academia que tinha três paixões: Star Wars, Star Trek e adulação.
Até os presos gostavam do camarada. “Peter, a minha pena/ eu vou curtir,/eu tô aqui só para cumprir”, cantou na carceragem Vivaldino Jaburu; detido, xingado e espancado pelo detetive, mas que atribui a ele “a motivação para continuar acreditando que as coisas podem ser diferentes nesse país”.
Já outra facção dos funcionários torceu o nariz e iluminou a sala com sorrisos amarelos.
“O arrogante Peter!”, pensou Xana, policial responsável por fotografar cenas de crime. Há tempo ela não tem mais paciência para as piadinhas do colega. Sente-se acuada, pois perdeu a companheira de patrulha Rosimeri – que se descobriu sem nenhum talento para trabalhar na Justiça e por isso foi dar aula de Direito no UniCórnio.
“Rosimeri não criticava as palavras erradas dos meus B.O. nem dizia que minhas fotos são parecidas com chapas de raio X”, diz para seus botões.
Na verdade, a míope Rosimeri não é muito amiga da língua portuguesa. Ninguém precisava ler até o fim para saber de quem era o cartão na árvore natalina do escritório: “Feliz, natal e Prospero ano que entra sáo, os votos de Rosimeri e familía. Obeserv: Amu todos vcs!!!!!”. Além disso, a amiga já havia se afastado quando Xana se converteu e passou a explicar todos os crimes através da Bíblia: “Ah, atropelamento seguido de fuga! Vamos ver o que os Salmos podem nos dizer a respeito!”
“Aqui do meu lado está o Peter Folk”, prosseguiu o tenente, dando tapinhas nas costas do subordinado. “Apesar de jovem, é cheio de saúde e determinação. Nesses últimos anos, acumulou funções e me ajudou a resolver inúmeros pepinos”.
Folk estava rubro como um pimentão ligeiramente passado.
“Ele investigou casos sozinhos e criou projetos para ocupar o tempo dos presos – como fabricação de estiletes e conserto de armas e celulares”.
Claps, claps, claps vinham da carceragem.
“Além de tudo mostrou ser mais competente que seus lentos e preguiçosos colegas! Vejam isso que estou falando como motivação: em nome das elaboradas técnicas de administração que venho aprendendo no UniCórnio...”
Xana, tomada de inveja, percebeu que perdia o controle. Estraçalhou o folheto da igreja Síndicos de Cristo, onde ocupa a função de missionária-lobinho da Equipe Cesto de Moisés. Por isso lentamente foi se escondendo nas sombras perto da porta da cozinha. “Estou cansada do leite da bondade humana”, sussurrou como se entoasse uma bruxaria. Nisso, esbarrou num armário empoeirado. Uma zarabatana, esquecida ali pela perícia, caiu na sua cabeça e ficou pendurada no brinco.
Lopez concluiu, arrebatando a platéia:
“É por isso que vou demitir Peter Folk!”
Fora um tímido aplauso vindo da porta da cozinha, a reação do departamento foi de espanto. Como assim?
“Eu aprendi que um grande empreendimento precisa de uma coisa chamada equipe. E uma equipe só funciona quando ninguém aparece mais que os outros”.
De braços cruzados, o novato Colimério balançava a cabeça com seriedade, aprovando a decisão do tenente.
“Mas, o que eu fiz de errado?”, perguntou o surpreso ex-detetive.
“Você tentou puxar o nosso tapete, como fizeram com Anakin no Ataque dos Clones”, interviu Colimério.
“Cale a boca, sarnento”, gritou Lopez, “Não mandei você latir! Tenha respeito pelo colega que está saindo! Então, como eu estava dizendo, a mediocridade é um caminho seguro para o desenvolvimento. É nesse espírito corporativo que escolho a detetive Xana para substituir Folk na chefia de investigações”.
O pessoal das celas aplaudiu. Apesar da simpatia pelo demitido, os presos sempre se entusiasmam com Xana.
Xana, por sua vez, torcia as pernas por causa de um inédito orgasmo vindo “não sei de onde” nos últimos segundos. Recuperou o fôlego e agradeceu com a voz meio sumida:
“Eu jamais tomaria o lugar de um colega. Isso não combina comigo. Mas o Senhor escreve certo por linhas tortas. Então eu só posso aceitar”.
“Não abuse, crente maldita! Eu me recuso a escrever em linhas tortas”, arrematou Lopez antes de colocar um charuto na boca. “Agora vamos parar com essa palhaçada e trabalhar. Colimério, venha coçar minhas costas.”
“Espere um pouco, tenente”, gritou Peter Folk, visivelmente transtornado. “Eu sei o motivo real dessa demissão. Você está se livrando de mim porque descobri que sua mulher...”
Fuuuuuuup!
Um dardo envenenado cruzou a sala e se alojou na jugular de Folk. Ele só teve tempo de grasnar a palavra “banco” antes de tombar inerte na fórmica. Rapidamente, aproveitando seu intenso treinamento caseiro, Xana escondeu a zarabatana em algum lugar sob a saia.
A delegacia entrou em pânico. No meio da papelada voando, os policiais corriam de um lado para outro com os braços para cima e os presos tentavam enlaçar as mãos entre as grades para orar e exigir a presença de algum líder do narcotráfico. Experiente e bem-preparado para essas situações, pois participou de várias desocupações de terra no Paraná, o tenente Lopez deu um tiro de fuzil para cima:
“Calem a boca. Ninguém sai dessa sala. O assassino está entre nós!”
Xana aprendeu muito com os pastores da igreja Síndicos de Cristo. Uma das lições mais valiosas é aquilo que o deputado Miltinho Lambança, líder da bancada evangélica na Assembléia Legislativa do Estado do Iguaçu, chama de “cinismo do bem”. Então, na recém-empossada função de chefe das investigações, ela levantou a voz:
“Só um Homem pode nos ajudar a resolver esse mistério”.
“Eu estou aqui, detetive Xana”.
Era Rocky Ombro, coçando o cabelo despenteado na altura da nuca e olhando tranqüilamente para cada pessoa da sala.
Xana pensava em Jesus quando disse aquilo, mas, enfim...
(continua)
No próximo episódio: Rocky Ombro precisa "ouvir" o que o finado Peter Folk tem para dizer. Xana luta para esconder a verdadeira identidade. Um antigo problema com engolir substâncias pegajosas pode denunciá-la. Não perca: "Em que parte do esquema entra... o crime?" - parte 2.
O alto comando da polícia, preocupado com o nível da educação em nosso país,
exige agora que todos os chefes de delegacia voltem a estudar. O tenente
Hernandez Lopez não conseguiu se matricular em nenhuma das 272 “instituições de
ensino superior” da cidade. Por isso passa dois dias por semana estudando
Administração no Centro Universitário de Cornélio Procópio, o UniCórnio. Ele
está se especializando em marketing e pretende aplicar seus novos conhecimentos
na 77a DP. A decisão terá conseqüências trágicas.
“Está vendo esse esquema que desenhei atrás do Boletim de Ocorrências, srta. Gavirova?”, explica o empolgado Lopez para a resignada secretária, “Esse desenho agora vai guiar minha vida. Desse lado nós temos nossas potencialidades”, e risca um enorme círculo na palavra POTENCIAL. “Desse outro lado, nossos desafios”, e desenha uma flecha apontada para DESAFIO, “Embaixo, as coisas que representam obstáculos para nosso sucesso”, e sublinha a expressão MAU OLHADO. “No meio, o resultado que esperamos conquistar!” E rabisca um losango na parte vazia do papel.
“Muito inteligente, tenente”.
“Chama-se Administração Moderna. Realmente é difícil de acompanhar, pois se trata de ciência avançada. Sem dúvidas, foi uma decisão brilhante do reitor Tibúrcio Ronquefuça tirar a aula inútil de Arte do currículo do UniCórnio e substituir por Técnicas de Marketing Pessoal”.
“Outros tempos, né, tenente?”. Galinka Gavirova não ousava contestar o resultado de árduo esforço intelectual, embora secretamente odiasse os métodos administrativos modernos – foi com eles que o ex-governo comunista de Porto Alegre confinou seus pais a uma garrafa.
“Isso mesmo. Estado, polícia, igreja, museus, cemitérios, família... já chegou a hora de todas as instituições entenderem que o segredo do sucesso é uma administração racional e produtiva, como na iniciativa privada”.
Lopez é um homem de estações. Na primavera, fez reformas na delegacia inspiradas num curso de numerologia:
“Não acredito que está me demitindo! Eu trabalho o dia inteiro, acumulei as funções de policial, advogado, promotor, carcereiro, escrivão e ganho a metade do salário da secretária”, bradava o agente Geraldino Bocaiúva, ex-combatente, pai de 6 filhos e presidente honorário do Clube dos Hemofílicos. “Só pode ser porque sou o único negro desse departamento”.
“Eu não sou racista! Pensa que sou algum tipo de judeu ou algo assim?”, revoltou-se Lopez. “O problema são as letras do seu nome: somando as consoantes dá 8, péssimo para prosperidade em empresa cuja atividade profissional começa com D”.
A numerologia não deu muito resultado, o que era previsível: Hernandez Lopez havia escolhido a carreira policial justamente porque reprovou em matemática várias vezes na escola.
“Ouvi dizer que o chefe vai implantar a teoria dos cinco ‘S’ por aqui”, cochichou o agente Linus, enquanto socava a emperrada máquina de café-no-isopor. Cassius fez uma careta: “Ai, ai, tomara que ele não tenha uma recaída com feng shui”.
No verão passado, o tenente mudou os móveis da delegacia para que o ambiente adquirisse a “correta harmonia da Justiça”. Na nova disposição, os agentes ficavam dentro das celas e os presos sentados em L na porta da frente.
Gavirova colocou a cabeça no vão da portinhola:
“Ei, rapazes, o delegado está chamando todos para o escritório”.
Em pé sobre a mesa de reuniões, Hernandez Lopez se apoiava no ombro de Peter Folk, o estabanado detetive que não tirava o sobretudo amarrotado sequer no verão e por isso mal conseguia se equilibrar no móvel de fórmica.
“Colegas!”, começou o tenente, depois de pigarrear e chamar a atenção de um preso que não olhava para o centro do escritório durante o prelúdio do discurso. “Esse será um ano muito bom para todos na delegacia. Ontem eu tive uma conversa com o Superintendente Geral da Polícia, o doutor Frangoberto Pintassilgo...”
TODOS: “Venha a nós, Senhor”.
“Ele prometeu aumentar a área do refeitório, adiantar o plano de carreira dos...” Quarenta minutos de blá-blá-blá depois:
“...e como parte dessas mudanças, estamos nos qualificando para servir melhor aos interesses do doutor Pintassilgo...”
TODOS: “Venha a nós, Senhor”.
“...e até mesmo da comunidade. Por isso quero aplicar todas as boas técnicas de administração e marketing nesse novo projeto. Hoje vou dar um exemplo de como podemos valorizar profissionais leais ao departamento. Folk, acorde!”
Alguns dos presentes se entreolharam com admiração. “Chegou a vez do grande Folk! Você é o Number One dessa nave!”, aplaudiu o novato Colimério Lobster, um ex-aluno de Folk na academia que tinha três paixões: Star Wars, Star Trek e adulação.
Até os presos gostavam do camarada. “Peter, a minha pena/ eu vou curtir,/eu tô aqui só para cumprir”, cantou na carceragem Vivaldino Jaburu; detido, xingado e espancado pelo detetive, mas que atribui a ele “a motivação para continuar acreditando que as coisas podem ser diferentes nesse país”.
Já outra facção dos funcionários torceu o nariz e iluminou a sala com sorrisos amarelos.
“O arrogante Peter!”, pensou Xana, policial responsável por fotografar cenas de crime. Há tempo ela não tem mais paciência para as piadinhas do colega. Sente-se acuada, pois perdeu a companheira de patrulha Rosimeri – que se descobriu sem nenhum talento para trabalhar na Justiça e por isso foi dar aula de Direito no UniCórnio.
“Rosimeri não criticava as palavras erradas dos meus B.O. nem dizia que minhas fotos são parecidas com chapas de raio X”, diz para seus botões.
Na verdade, a míope Rosimeri não é muito amiga da língua portuguesa. Ninguém precisava ler até o fim para saber de quem era o cartão na árvore natalina do escritório: “Feliz, natal e Prospero ano que entra sáo, os votos de Rosimeri e familía. Obeserv: Amu todos vcs!!!!!”. Além disso, a amiga já havia se afastado quando Xana se converteu e passou a explicar todos os crimes através da Bíblia: “Ah, atropelamento seguido de fuga! Vamos ver o que os Salmos podem nos dizer a respeito!”
“Aqui do meu lado está o Peter Folk”, prosseguiu o tenente, dando tapinhas nas costas do subordinado. “Apesar de jovem, é cheio de saúde e determinação. Nesses últimos anos, acumulou funções e me ajudou a resolver inúmeros pepinos”.
Folk estava rubro como um pimentão ligeiramente passado.
“Ele investigou casos sozinhos e criou projetos para ocupar o tempo dos presos – como fabricação de estiletes e conserto de armas e celulares”.
Claps, claps, claps vinham da carceragem.
“Além de tudo mostrou ser mais competente que seus lentos e preguiçosos colegas! Vejam isso que estou falando como motivação: em nome das elaboradas técnicas de administração que venho aprendendo no UniCórnio...”
Xana, tomada de inveja, percebeu que perdia o controle. Estraçalhou o folheto da igreja Síndicos de Cristo, onde ocupa a função de missionária-lobinho da Equipe Cesto de Moisés. Por isso lentamente foi se escondendo nas sombras perto da porta da cozinha. “Estou cansada do leite da bondade humana”, sussurrou como se entoasse uma bruxaria. Nisso, esbarrou num armário empoeirado. Uma zarabatana, esquecida ali pela perícia, caiu na sua cabeça e ficou pendurada no brinco.
Lopez concluiu, arrebatando a platéia:
“É por isso que vou demitir Peter Folk!”
Fora um tímido aplauso vindo da porta da cozinha, a reação do departamento foi de espanto. Como assim?
“Eu aprendi que um grande empreendimento precisa de uma coisa chamada equipe. E uma equipe só funciona quando ninguém aparece mais que os outros”.
De braços cruzados, o novato Colimério balançava a cabeça com seriedade, aprovando a decisão do tenente.
“Mas, o que eu fiz de errado?”, perguntou o surpreso ex-detetive.
“Você tentou puxar o nosso tapete, como fizeram com Anakin no Ataque dos Clones”, interviu Colimério.
“Cale a boca, sarnento”, gritou Lopez, “Não mandei você latir! Tenha respeito pelo colega que está saindo! Então, como eu estava dizendo, a mediocridade é um caminho seguro para o desenvolvimento. É nesse espírito corporativo que escolho a detetive Xana para substituir Folk na chefia de investigações”.
O pessoal das celas aplaudiu. Apesar da simpatia pelo demitido, os presos sempre se entusiasmam com Xana.
Xana, por sua vez, torcia as pernas por causa de um inédito orgasmo vindo “não sei de onde” nos últimos segundos. Recuperou o fôlego e agradeceu com a voz meio sumida:
“Eu jamais tomaria o lugar de um colega. Isso não combina comigo. Mas o Senhor escreve certo por linhas tortas. Então eu só posso aceitar”.
“Não abuse, crente maldita! Eu me recuso a escrever em linhas tortas”, arrematou Lopez antes de colocar um charuto na boca. “Agora vamos parar com essa palhaçada e trabalhar. Colimério, venha coçar minhas costas.”
“Espere um pouco, tenente”, gritou Peter Folk, visivelmente transtornado. “Eu sei o motivo real dessa demissão. Você está se livrando de mim porque descobri que sua mulher...”
Fuuuuuuup!
Um dardo envenenado cruzou a sala e se alojou na jugular de Folk. Ele só teve tempo de grasnar a palavra “banco” antes de tombar inerte na fórmica. Rapidamente, aproveitando seu intenso treinamento caseiro, Xana escondeu a zarabatana em algum lugar sob a saia.
A delegacia entrou em pânico. No meio da papelada voando, os policiais corriam de um lado para outro com os braços para cima e os presos tentavam enlaçar as mãos entre as grades para orar e exigir a presença de algum líder do narcotráfico. Experiente e bem-preparado para essas situações, pois participou de várias desocupações de terra no Paraná, o tenente Lopez deu um tiro de fuzil para cima:
“Calem a boca. Ninguém sai dessa sala. O assassino está entre nós!”
Xana aprendeu muito com os pastores da igreja Síndicos de Cristo. Uma das lições mais valiosas é aquilo que o deputado Miltinho Lambança, líder da bancada evangélica na Assembléia Legislativa do Estado do Iguaçu, chama de “cinismo do bem”. Então, na recém-empossada função de chefe das investigações, ela levantou a voz:
“Só um Homem pode nos ajudar a resolver esse mistério”.
“Eu estou aqui, detetive Xana”.
Era Rocky Ombro, coçando o cabelo despenteado na altura da nuca e olhando tranqüilamente para cada pessoa da sala.
Xana pensava em Jesus quando disse aquilo, mas, enfim...
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No próximo episódio: Rocky Ombro precisa "ouvir" o que o finado Peter Folk tem para dizer. Xana luta para esconder a verdadeira identidade. Um antigo problema com engolir substâncias pegajosas pode denunciá-la. Não perca: "Em que parte do esquema entra... o crime?" - parte 2.
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