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quarta-feira, novembro 01, 2006

SALVO TODOS OS OUTROS!

Não sei se poderia me filiar tão apaixonadamente ao epíteto de Hannah Arendt, a quem Habermas chamava de "democrata radical".
Estou mais para aceitar Churchill: "a democracia é o pior dos regimes, exceto todos os outros".
Podemos reclamar de muita coisa no Brasil, mas acho que é quase dever comemorar o processo democrático, legitimado como nunca na eleição de domingo.
O nosso governador tem lá seus motivos para desconfiar da urna eletrônica - e, por mais exótica que pareça sua reclamação, há muitas instituições que temem pela possibilidade de manipulação. Mas, fora isso, o sistema eleitoral brasileiro é exemplar, tanto na forma como nos resultados práticos. Em poucas horas, tínhamos o resultado completo do país-continente (pensem nos nervos das turmas de Requião e Osmar se a contagem demorasse dias!).
Também não se ouve falar de voto de cabresto ou compra sistemática de eleitores. Não há dúvidas de que isso ocorre aqui ou ali, mas seria alarmismo considerar que esse tipo de crime caracteriza o pleito.
O resultado da eleição, a bem da verdade, foi um triunfo da democracia.
Lula ganhou por uma extraordinária margem de votos, o que lhe dá grandes condições de governabilidade. O que é bom para todo mundo, basta pensar nas enroladas reformas política e da previdência.
O PSDB se tornou um partido de oposição com excelente espaço de manobra: perdeu na majoritária e no número de governadores aliados, mas controla estados que representam 51% do PIB brasileiro. Além de ter, ao lado dos partidos de oposição, representativade indiscutível no congresso.
Ou seja, a vitória de Lula não desmontou a oposição, como muitos temiam.
O jornalista polonês Ryszard Kapuscinski conta que um de seus primeiros choques ao desembarcar na África - onde passou 40 anos como repórter das agências internacionais - foi perceber que, na Gana pós-revolucionária dos anos 50, um certo partico político ganhava salário da República para ser oposição. O Estado se empenhava para forçar a pluralidade.
Ninguém negará que o nosso presidente jamais precisará baixar um decreto remunerando opositores.
No primeiro discurso informal, Lula não ficou empoleirado no muro. Reafirmou a agenda política, chamando a oposição para debater - reconhecendo sua importância - e disse, com todas as letras, que o combate à pobreza continuará sendo prioridade. Ou seja, não assumiu prosa demasiado cuidadosa para agradar a classe média.
Pode parecer pouco para quem nunca viu de perto ou participou do processo político partidário. Ou para quem não leva em consideração o passado tão próximo de golpismo.
Mas, sendo realista, é algo para se comemorar.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

De aluna em aluna... o Victor faz o ranking...
Deixou uma jornalista por algumas ameaças ao jornalismo.

2/11/06 21:39  

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