BOP!

Victor E. Folquening escreve, você lê e diz alguma coisa

Minha foto
Nome:
Local: Curitiba, Paraná, Brazil

Grupo de gestores para soluções estratégicas nas Faculdades Integradas do Brasil

quarta-feira, dezembro 13, 2006

17 DE FRIEZA E 81 DE ANJO EXTERMINADOR!


Se o pathos da equipe gaúcha não ajudou, paradoxalmente o Pato sequer desmontou de felicidade ao achar o gol. Mesmo aos 17, na sua precoce transformação em depositário das esperanças coloradas, apenas levantou a mão, sem sorrir, como homenagem ao amigo Tales.
No mesmo dia, 25 anos atrás, o melhor time que vi jogar definiu o parâmetro do que eu considerava futebol - e me fez sonhar com traves e bola durante quase toda a infância e adolescência, me deu inúmeros perfis imaginários de atletas finos e suaves, como Zico, nos intermináveis campeonatos de rebatida em que tinha como adversário e única platéia o Benett, nós dois forçando a vista no lusco-fusco do meu jardim, às vezes à sombra de um ipê amarelo.
O Inter que acordei cedo para ver, hoje, é um time tão ruim quanto o São Paulo que ganhou o mundial interclubes no ano passado.
Nenhum dos dois parece remotamente com o Mengo de Carpegiani, o São Paulo de Telê ou até o Grêmio do Felipão dividindo pizza na madrugada com o Renato Gaúcho.
No ano passado, o vencedor tinha apenas dois jogadores, Ceni e Mineiro. Nesse, também há miseravelmente uma dupla, Fernandão e aquele que veio cantando alegremente, na beira da lagoa, mas não tinha marreco ou ganso afinados o suficente para o tico-tico no fubá.
Anyway, continuarei torcendo para o Internacional, mesmo que sequer dobre para quatro os jogos profissionais de Alexandre com a camisa do time brasileiro. E do jeito que leiloam barato os jovens jogadores do país, é bem capaz que o garoto de Pato Branco faça como seu homônimo famoso e vá parar numa praça tão relevante para sua história como a Índia.
kk
Não tive tempo de falar a respeito, ainda.
Mas ver B. B. King a quatro filas de distância é emocionante. Ele fala mais do que canta. E anda menos ainda, naturalmente. Quando chega, arrastando o corpanzil, está antecedido dos batedores. Foram duas longas interpretações da (ótima) banda até que o paletó vinho e brilhante arrancasse a abastada platéia do Guaíra de suas cadeiras abarrotadas. Normalmente essa gente de 780 reais por assento não se mexe muito, coisa bem ensinada por Luís XIV, que recusou uma belíssima escultura equestre de Bernini porque não tolerava ser representado em atitude tão... tão... animada. Chacoalhar os quadris, levantar-se e sentar-se muitas vezes e gritar interjeições de motivação são hábitos demasiado plebeus.
Mas a aura de B. B. King, a senhoria de seus 81 anos, e, claro, o preço selecionador arrancaram a batelada do chão. No final, como no famoso filme de Luís Buñel, os brancos bem-vestidos perderam de vez a pose e se acotovelaram aos pés do ancião negro e gordo para implorar paletas e medalhinhas douradas.
ll
No topo da página, à direita, a maquete exuberante de Gianlorenzo Bernini recusada pelos asseclas do Rei Sol em 1670. À esquerda, olhando para fora da página, o modelo em terracota daquela que finalmente foi aceita, assinada pelo protegido François Girardon na década seguinte. Ambas são lindas, é verdade, mas a sólida e impassível é bem mais, digamos, curitibana.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

"Anjo exterminador" ?? Perdi alguma coisa?
...
Bem brega, né? =)
A segunda parte tá muito boa : Clap. Clap. Clap.

15/12/06 09:41  
Anonymous Anônimo said...

Ah, Anjo Exterminador é um dos grandes filmes do Luis Buñuel. O trocadilho mais adequado ao texto seria com O Discreto Charme da Burguesia, cujo enredo trata de bem-nascidos, trancados inexplicavelmente em uma mansão, que se entregam à rusticidade. Mas achei que seria uma citação fácil demais, mais brega ainda, do tipo: "O Discreto Charme de B. B. King" ou outra coisa.

15/12/06 22:29  

Postar um comentário

<< Home